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Endividamento recua após nove meses de alta, aponta CNC
Pesquisa da CNC indica leve diminuição do endividamento das famílias em novembro, mas patamar segue elevado.
Às vésperas do fim de ano, os brasileiros tiveram um alívio mínimo, de 0,3%, no endividamento. Ainda assim, o resultado de novembro da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), apurada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), mostra que o percentual de famílias endividadas, de 79,2%, está acima do observado em novembro de 2024 (77%).
O resultado mensal não reverte o quadro de forte pressão sobre o orçamento das famílias, segundo a pesquisa. Em outubro, o endividamento das famílias foi de 79,5%, maior patamar desde 2010.
A fatia de famílias inadimplentes também recuou, passando do ápice histórico de 30,5% para 30%, ainda superior aos 29,4% do ano anterior.
A proporção de famílias que declararam não ter condições de pagar as dívidas em atraso, ou seja, que permanecerão inadimplentes, também diminuiu: passou de 13,2%, em outubro, para 12,9%, em novembro, menor nível desde agosto e igual ao de novembro de 2024.
A inadimplência encolheu em todas as faixas de renda, com maior redução entre famílias que recebem entre 3 e 5 salários mínimos, grupo que também liderou a queda na parcela das que afirmam não ter condições de quitar dívidas atrasadas.
Para a CNC, a pesquisa sugere melhora tanto na percepção quanto na estrutura das dívidas. No retrato geral, diminuiu o grupo que se considera "muito endividado" (16%) e aumentou o de "pouco endividado" (32,8%). Destaca-se ainda o esforço adicional das famílias com renda entre 3 e 5 salários mínimos para regularizar pendências.
A pesquisa considera como dívidas as contas a vencer nas modalidades cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado e prestações de carro e casa.
O economista-chefe da CNC, Fabio Bentes, observa que o brasileiro aproveita a Black Friday para economizar nos presentes de fim de ano, utilizando a segunda parcela do 13º salário para pagar as faturas dessas compras. "Isso é um antídoto ao altíssimo nível de inadimplência e dos juros, principalmente do cartão de crédito, que são capazes de dobrar o valor de uma dívida em poucos meses", ressalta Bentes.
Inadimplência prolongada
A proporção de famílias com contas em atraso por mais de 90 dias caiu de 49% para 48,5%, o menor nível desde agosto, reduzindo parcialmente o impacto dos juros acumulados no estoque de dívidas.
A fatia de consumidores que têm mais da metade dos rendimentos comprometidos com dívidas também recuou: de 19,1% para 18,8%, após dois meses de alta. A maioria (56,7%) segue com 11% a 50% da renda comprometida, resultando em comprometimento médio de 29,5% em novembro.
Por outro lado, o percentual de famílias com dívidas por mais de um ano subiu pelo terceiro mês consecutivo, para 32,1%.
Apesar do recuo esperado para dezembro, a CNC projeta que 2025 termine com famílias significativamente mais endividadas (+2,4 pontos percentuais) e mais inadimplentes (+0,5 ponto percentual) do que no fim de 2024.
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