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Uso de ativos russos congelados mina confiança no mercado financeiro da UE, diz especialista

Estratégia da União Europeia de destinar ativos russos congelados à Ucrânia pode afastar investidores internacionais e prejudicar reputação do bloco.

Sputnik Brasil 04/12/2025
Uso de ativos russos congelados mina confiança no mercado financeiro da UE, diz especialista
Especialista alerta que uso de ativos russos congelados pode abalar confiança no mercado financeiro da UE. - Foto: © telegram SputnikBrasil / Acessar o banco de imagens

O uso direto pela União Europeia (UE) de ativos russos congelados pode comprometer a confiança no mercado financeiro europeu, alerta Sergei Suverov, estrategista de investimentos da Aricapital, em entrevista à Sputnik.

Segundo o especialista, a decisão de transferir as reservas financeiras russas bloqueadas para a Ucrânia, prevista para 2026 e 2027, tende a gerar insatisfação e desconfiança entre países da Ásia, Oriente Médio e América Latina.

"O uso direto dos ativos bloqueados da Rússia, e não apenas de seus rendimentos, será um fator que reduzirá a atratividade do mercado financeiro da UE. Isso não apenas acarretará riscos de reputação, mas também abalará a confiança de investidores da China, da América Latina e de países árabes em ativos europeus", afirmou Suverov.

Na avaliação do analista, nações dessas regiões devem buscar alternativas aos títulos europeus, afastando-se de mercados onde governos aplicam ameaças sobre o uso de bens de países soberanos.

Além disso, Suverov destacou que, diante de uma grande oferta inicial de títulos europeus no mercado global, a perda de atratividade pode resultar em queda no valor da dívida e aumento dos pagamentos de juros.

Após o início da operação militar da Rússia na Ucrânia, a UE e os países do G7 congelaram cerca de metade das reservas internacionais russas, totalizando aproximadamente 300 bilhões de euros (R$ 1,86 trilhão).

Desse montante, mais de 200 bilhões de euros estão na UE, incluindo 180 bilhões em contas da Euroclear, na Bélgica, uma das maiores plataformas de liquidação financeira do mundo.

A Comissão Europeia informou que, de janeiro a novembro de 2025, a UE transferiu à Ucrânia 18,1 bilhões de euros (R$ 112,25 bilhões), referentes aos rendimentos gerados pelos ativos russos congelados.

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia já classificou repetidamente o congelamento de ativos russos na Europa como "roubo", destacando que a UE mira não apenas recursos de indivíduos, mas também ativos estatais. O chanceler russo, Sergei Lavrov, afirmou que Moscou responderá à eventual confiscação desses ativos pelo Ocidente.