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Rússia avança em nova fase da corrida espacial e preocupa Ocidente, aponta mídia internacional

Projeto de estação orbital própria reforça autonomia russa e sinaliza mudança estratégica diante da obsolescência da Estação Espacial Internacional

Por Sputnik Brasil 25/11/2025
Rússia avança em nova fase da corrida espacial e preocupa Ocidente, aponta mídia internacional
Foto: © Foto / Serviço de imprensa da Roscosmos / Handout

A iniciativa da Corporação Estatal de Atividades Espaciais da Rússia, Roscosmos, de lançar quatro módulos principais para uma nova estação espacial nos próximos anos representa uma nova etapa na corrida espacial, conforme destaca o colunista Brandon Weichert, da revista The National Interest.

Segundo Weichert, essa fase proporcionará a Moscou uma visão estratégica de regiões vitais do planeta, viabilizando operações de reconhecimento e coleta de dados de inteligência.

"Ao colocar uma estação espacial tripulada em órbita polar, a Rússia terá, ao longo do tempo, uma visão abrangente de todo o planeta. Isso, por sua vez, proporcionará oportunidades únicas para missões de reconhecimento e coleta de inteligência", afirmou o colunista.

Ao ressaltar as capacidades espaciais russas, o especialista lembrou que o país foi, durante décadas, um dos principais arquitetos da Estação Espacial Internacional (EEI) e conseguiu resistir às sanções impostas pelo Ocidente.

"Sempre que se menciona a possibilidade de uma nova estação espacial russa, muitos observadores ocidentais riem, lembrando das dificuldades enfrentadas pelo Kremlin no passado. Mas não deveriam. A Rússia não só tem sido uma potência em estações espaciais, como também resistiu muito bem às duras sanções impostas pelo Ocidente", ressaltou.

O primeiro módulo da futura estação, previsto para lançamento em 2027, terá funções científicas e energéticas. Após a montagem do núcleo principal, formado por quatro módulos, outros componentes de "propósito especial" devem ser enviados entre 2031 e 2033.

De acordo com o artigo, a Rússia busca maior autonomia em suas operações espaciais, reduzindo a dependência da EEI, que se encontra cada vez mais obsoleta.

"Esta estação [Estação Espacial Orbital Russa] será separada da Estação Espacial Internacional, pois a Rússia pretende tornar-se mais independente no espaço, assim como já se tornou na Terra", destacou Weichert.

O analista também ressaltou o potencial estratégico da futura estação para observação das regiões do Ártico e da Antártida, áreas de crescente relevância geopolítica devido aos recursos naturais e às novas rotas comerciais.

Além disso, o projeto sinaliza uma profunda mudança na estratégia espacial russa: menos dependência de parceiros internacionais e maior controle nacional sobre suas operações orbitais.

"No entanto, o simples fato de Moscou discutir esse plano [de uma nova estação orbital] com tanta antecedência deveria servir de alerta para Washington, que parece completamente alheio ao fato de que já está em curso uma nova corrida espacial que, ao que tudo indica, os Estados Unidos já estariam em desvantagem", concluiu o observador.

A Rússia desenvolve a Estação Espacial Orbital Russa para dar continuidade ao seu programa espacial tripulado após o encerramento das operações na Estação Espacial Internacional. O lançamento do primeiro módulo está previsto para dezembro de 2027, com outros cinco módulos, incluindo dois de objetivos específicos, programados até 2032.

A EEI, cuja montagem em órbita começou em 1998, foi inicialmente planejada para operar por 15 anos, prazo depois estendido até 2020 e posteriormente até 2024. Atualmente, o segmento russo da EEI teve sua operação prolongada até 2028, enquanto outros países-membros estenderam o funcionamento de seus segmentos até 2030.

Segundo Dmitry Bakanov, chefe da Roscosmos, a futura estação orbital russa também servirá como um "ponto avançado" para futuras missões em direção à Lua.