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'Essa mão que bate em mulher não precisa votar em mim', diz Lula sobre recorde de feminicídio

Presidente defende mobilização dos homens contra a violência e afirma que não quer votos de agressores em meio a aumento de feminicídios.

03/12/2025
'Essa mão que bate em mulher não precisa votar em mim', diz Lula sobre recorde de feminicídio
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva - Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira, 2, que decidiu assumir a tarefa de promover uma mobilização dos homens no País diante do aumento dos casos de violência contra a mulher. Lula comentou crimes recentes amplamente noticiados e declarou que não deseja receber votos de agressores.

"Como presidente da República, vou fazer um movimento dos homens de bem nesse País, dos homens de bem contra a violência contra mulher. Ontem (terça, 2) eu disse em um comício: quem bate em mulher não precisa votar em mim. Essa mão que bate em uma mulher não precisa votar em mim. É uma vergonha ser violento", afirmou.

A cidade de São Paulo já registra em 2025 o maior número de feminicídios dos últimos dez anos. A semana foi marcada por casos de violência extrema: uma mulher teve as pernas amputadas após ser atropelada e arrastada na zona norte da capital. Em Pernambuco, um homem matou a esposa grávida e os quatro filhos ao incendiar a casa onde viviam.

Na terça-feira, Lula já havia relatado que a primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, pediu que ele "assuma a responsabilidade de uma luta mais dura contra a violência do homem contra a mulher no planeta Terra". O tema também foi abordado durante entrevista à TV Verdes Mares, afiliada da TV Globo no Ceará.

"Eu resolvi assumir a tarefa de tentar criar uma mobilização de homem nesse País. Porque a violência é do homem contra a mulher. Nós homens vamos ter que criar juízo, criar vergonha, nos educar. O que não dá é para aceitar como normal o cidadão achar que tem direito sobre a companheira dele", destacou o presidente.

Lula citou os recentes casos noticiados e disse que acordou no domingo, 30, com Janja chorando diante das denúncias de feminicídio.

"Aquele carro arrastando aquela mulher por um quilômetro, que teve as duas pernas amputadas. Depois, uma mulher que foi trancada dentro de casa, grávida, com três filhos, e o marido tocou fogo na casa. Depois uma mulher que o marido chega com duas pistolas e descarrega as pistolas nela. Depois uma criança de dois anos na Bahia que foi violentada e estuprada", relatou.

O presidente defendeu que "a mão da gente foi feita para trabalhar, para fazer cafuné, e não para fazer violência na mulher". Ele não deixou claro, porém, se a proposta será tema de uma campanha oficial ou se trata apenas de um pronunciamento de indignação.

"É uma campanha de homem que tem vergonha na cara, que tem caráter, que tem respeito, que quer criar sua família, dizer para o seu amigo: não bata na mulher, não seja violento, se você não gosta mais dela, tome um rumo e vá embora", afirmou Lula.

Gafe em 2024

Em julho do ano passado, o presidente cometeu uma gafe ao abordar o tema. Em reunião no Palácio do Planalto, considerou "inacreditável" que a violência contra a mulher aumente após jogos de futebol, mas fez uma ressalva: "se o cara é corintiano, tudo bem".

"Hoje eu fiquei sabendo de uma notícia triste. Eu fiquei sabendo que tem pesquisa, Haddad, que mostra que, depois de jogo de futebol, aumenta a violência contra a mulher. Inacreditável. Se o cara é corintiano, tudo bem. Mas eu não fico nervoso quando perco, eu lamento profundamente. Então, eu queria dar os parabéns às mulheres que estão aqui", declarou.