Geral

BB desembolsa R$ 85 bilhões ao agro na safra 2025/26

Volume financiado pelo Banco do Brasil é menor que o do ciclo anterior, mas instituição mantém expectativa de equilíbrio até o fim da safra.

03/12/2025
BB desembolsa R$ 85 bilhões ao agro na safra 2025/26
Banco do Brasil - Foto: Divulgação

O Banco do Brasil (BB) já desembolsou cerca de R$ 85 bilhões em financiamentos para o agronegócio na safra 2025/26, iniciada em 1º de julho e com término previsto para 30 de junho de 2026. O montante inclui operações de crédito rural, títulos agrícolas como Cédulas de Produto Rural (CPRs), crédito agroindustrial e recursos para capital de giro, englobando negócios da cadeia de valor do agronegócio realizados entre julho e o fim de novembro, além das atuais operações de renegociação de dívidas rurais.

O valor é inferior aos R$ 105 bilhões desembolsados no mesmo período da safra anterior. Os dados foram apresentados por Gilson Bittencourt, vice-presidente de Agronegócios e Agricultura Familiar do BB.

Considerando apenas as operações de crédito rural, a retração também é observada: foram R$ 78,3 bilhões liberados nesta safra, ante R$ 96 bilhões no ciclo anterior. Apesar da menor contratação de crédito rural pelos produtores no acumulado da safra 2025/26, o banco projeta um melhor equilíbrio no desembolso até julho de 2026. No total, o BB pretende ofertar R$ 230 bilhões em financiamentos para o agronegócio nesta safra. "Olhando a esteira de pedidos em análise, a expectativa é que ao fim deste mês tenhamos chegado ao teto de limite de várias linhas de crédito rural e pediremos alguns remanejamentos entre linhas", explicou Bittencourt.

O valor ofertado pelo BB nesta safra é 2% superior ao desembolsado no ciclo 2024/25. Deste total, R$ 106 bilhões serão destinados à agricultura empresarial (grandes produtores, cooperativas e agroindústrias), R$ 54 bilhões à agricultura familiar e médios produtores, e outros R$ 70 bilhões para negócios da cadeia de valor do agro.

Na agricultura familiar, o desempenho dos desembolsos de crédito rural está dentro do esperado, assim como o Pronamp, que permanece em patamar próximo ao do ciclo anterior. "Na média geral, devemos cumprir com o Plano Safra nas taxas controladas", afirmou o vice-presidente do BB. Já na agricultura empresarial, há retração no apetite por novos investimentos, com queda entre 35% e 40%, reflexo dos juros elevados e da rentabilidade próxima aos níveis históricos. "Esse é o momento para investir apenas quem está muito bem e não está endividado. É hora de reorganizar o fluxo de caixa, pois as taxas estão mais altas neste ano. Quem puder postergar investimentos, aguardando queda da Selic, deve aproveitar para reequilibrar as contas", avaliou. O crédito para custeio da agricultura empresarial também está abaixo do registrado na safra anterior, evidenciando menor demanda por parte dos produtores.

Sobre o desenvolvimento da safra, o BB acompanha os possíveis efeitos do fenômeno climático La Niña, mas vê cenário positivo para a produção. "As expectativas do IBGE e da Conab são positivas, indicando estabilidade da produção. A safra está dentro do previsto, com grande parte já plantada e sem redução expressiva de área", destacou Bittencourt.

Em relação aos preços, o banco observa que as cotações dos principais produtos agrícolas estão retornando aos níveis históricos, assim como a rentabilidade dos produtores. "Áreas com alto custo de produção começam a ficar mais restritivas", apontou. "A área plantada está dentro do esperado e a produção segue o ritmo previsto. Em breve, saberemos se houve redução no pacote tecnológico, o que pode impactar a produtividade. Nossa expectativa é que não haja esse efeito", concluiu o executivo.