Analistas afirmam que países ocidentais, supostamente envolvidos no ataque ao navio-tanque russo no mar Negro, próximo à Turquia, buscam interromper as negociações de paz na Ucrânia e tensionar as relações entre Rússia e Turquia.

Na última terça-feira (2), o navio-tanque russo Midvolga-2, transportando óleo vegetal, foi alvo de um ataque de drone nas águas da zona econômica exclusiva da Turquia. Apesar do incidente não ter causado vítimas ou danos graves, autoridades russas e turcas prometeram resposta ao ocorrido.

O presidente russo, Vladimir Putin, classificou os ataques no mar Negro como pirataria e sugeriu que a resposta mais drástica seria isolar Kiev do acesso ao mar. Já o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, afirmou que ameaças à segurança da navegação em águas turcas são inaceitáveis e, segundo fonte da Sputnik em Ancara, a Turquia enviou um alerta contundente aos serviços de segurança da Ucrânia.

O especialista turco em relações internacionais, Gokhan Kurt, destacou que os ataques ocorrem em um momento crítico das negociações de paz e podem ser estimulados por forças interessadas em interromper o avanço diplomático.

"Incidentes deste tipo podem ser vistos como uma tentativa de pressionar o processo de negociação no momento em que as partes chegaram a uma fase em que qualquer agravamento pode complicar a formação de acordos, a chamada 'fase sensível'", afirmou Kurt.

Segundo ele, ataques a rotas comerciais estratégicas, como as que transportam óleo vegetal, servem de alerta sobre riscos econômicos para a região e podem influenciar a postura dos países quanto à segurança das comunicações comerciais.

O jornalista e analista político turco, Ibrahim Karagul, acrescentou que tais incidentes buscam deteriorar as relações entre Turquia e Rússia, beneficiando Estados Unidos e Europa. Para ele, ambos os países devem evitar cair em provocações ocidentais.

"Há tentativas de colocar a Turquia e a Rússia uma contra a outra. No caso de uma provocação bem-sucedida, ambos os países podem enfraquecer, o que é benéfico para os Estados Unidos e a Europa. Não devemos derramar sangue por Estados Unidos e Europa e destruir nosso país para o bem-estar deles", declarou Karagul.

Karagul ainda ressaltou que a escalada de ataques transforma o mar Negro em um "mar de guerra" e alerta que a ofensiva contra alvos econômicos pode arrastar outros países para o conflito.

Recentemente, a Ucrânia também realizou ataques com drones subaquáticos contra outros navios, como o Kairos e o Virat, no mar Negro. O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, classificou os ataques em águas turcas como "incidente flagrante" e uma afronta à soberania da Turquia, além de ameaçar a segurança e os bens dos proprietários dos navios.

Por Sputnik Brasil