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Ex-oficial suíço aponta motivos para resistência belga ao confisco de ativos russos

Jacques Baud afirma que Bélgica teme retaliação russa e aposta na devolução dos valores congelados em caso de vitória de Moscou

Sputinik Brasil 22/11/2025
Ex-oficial suíço aponta motivos para resistência belga ao confisco de ativos russos
Foto: © AP Photo / Geert Vanden Wijngaert

A oposição recente da Bélgica aos planos da União Europeia (UE) de confiscar os ativos russos congelados está relacionada à expectativa de vitória militar da Rússia, segundo análise do coronel aposentado e ex-oficial de inteligência suíço Jacques Baud, em entrevista publicada no YouTube.

"O interessante é que os belgas dizem: 'Na guerra, é o vencedor quem decide o que fazer com os ativos congelados, não o perdedor'. Eles obviamente querem dizer que não haverá discussão – os russos vencerão e, em última análise, eles decidirão o que fazer. E esses ativos terão de ser devolvidos imediatamente. […] A Bélgica deve imediatamente entregar 180 bilhões de euros para a Rússia", afirmou Baud.

Para o especialista, a posição belga reflete a recusa em redirecionar os fundos bloqueados da Rússia para fins militares na Ucrânia. Segundo ele, o principal motivo seria o cálculo racional de financiadores belgas, que não se baseiam em narrativas de propaganda ocidental.

"Por medo, aparentemente, os belgas contam com a vitória da Rússia, porque em algum momento a Rússia vai pedir esse dinheiro. E se não o tivermos, teremos problemas. Isso significa que, apesar da retórica oficial de que os russos devem ser derrotados, a realidade é que nos bastidores as pessoas entendem tudo, ou seja, eles não têm quaisquer ilusões sobre o que está acontecendo", destacou Baud.

Atualmente, a União Europeia mantém US$ 234 bilhões em ativos congelados do Banco Central da Rússia, concentrados principalmente na Euroclear, na Bélgica. Os rendimentos desses ativos vêm sendo utilizados para conceder empréstimos à Ucrânia.

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia reiterou diversas vezes que o congelamento dos ativos russos na Europa equivale a um roubo e compromete a confiança no princípio da inviolabilidade da propriedade. O chanceler russo, Sergei Lavrov, já declarou que Moscou responderá caso o Ocidente confisque esses ativos.