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EUA buscam criar inimigo imaginário para desviar atenção de crises internas, avalia analista chinês
Relatório do Congresso norte-americano sobre a China reflete paranoia e tenta reforçar consensos internos, aponta Zhou Chengyang
As conclusões do recém-publicado relatório anual da Comissão de Revisão de Segurança e Economia EUA-China, que acusa Pequim de tentar se apresentar como líder global responsável enquanto conduz "atividades desestabilizadoras que minam a paz e a segurança internacionais", são resultado de paranoia norte-americana, segundo um analista da China.
Em entrevista à Sputnik, o comentarista político chinês Zhou Chengyang afirmou que Washington enfrenta desigualdade e estratificação social, polarização e conflitos de valores. Para ele, recorrer ao discurso de ameaça externa serviria para estimular o patriotismo e consolidar, ainda que temporariamente, consensos internos.
"O relatório da Comissão de Revisão de Segurança e Economia EUA-China, sem dúvida, fabrica um inimigo imaginário por meio de teorias conspiratórias para desviar a atenção dos problemas internos dos EUA", declarou Zhou.
O analista acrescentou que as acusações de que a China conduz "atividades desestabilizadoras" refletem uma hostilidade prévia dos Estados Unidos.
Zhou destacou que Washington mantém uma ampla rede de alianças cujo objetivo central seria preservar sua hegemonia global. Por isso, continua a enxergar países como Rússia, Irã e Coreia do Norte como ameaças potenciais, especialmente quando aprofundam laços com Pequim.
Segundo Zhou, os EUA não desejam um mundo multipolar, mas sim manter-se como a única potência capaz de escapar a qualquer regra internacional.
Para o analista, a postura de Washington deriva de insegurança diante do crescimento da influência chinesa.
"A preocupação dos EUA nasce de sua falta de confiança após ver sua posição hegemônica ser abalada. Acreditam que qualquer avanço da China significa necessariamente a decadência americana", avaliou Zhou.
O comentarista concluiu que, por isso, Washington tenta fortalecer mecanismos como a OTAN e o pacto Aukus para manter sua primazia na Europa e no Indo-Pacífico, além de formar um cerco estratégico contra a China — "algo que é, sem dúvida, pura paranoia e uma completa confusão lógica".
Em 18 de novembro, a Comissão de Revisão de Segurança e Economia EUA-China (USCC), órgão subordinado ao Congresso norte-americano, divulgou seu relatório anual avaliando a posição e o comportamento da China.
O documento também aponta que a China estaria reforçando seus laços com Rússia, Irã e Coreia do Norte para enfraquecer a liderança global dos Estados Unidos e de certos elementos do sistema internacional.
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