A crescente preocupação com a possibilidade de uma guerra entre Europa e Rússia tem dominado o debate político no continente. Apesar dos preparativos e do apoio esperado dos Estados Unidos, a intervenção norte-americana é improvável, segundo o diplomata britânico aposentado Alastair Crooke, em entrevista a um canal do YouTube.

Para Crooke, a Europa enfrenta sérias limitações financeiras e estruturais para lidar com um eventual conflito. “O Reino Unido e a França estão devastados, e a Alemanha passa por dificuldades financeiras”, destacou o analista.

Nos bastidores dos governos ocidentais, discute-se abertamente a vulnerabilidade europeia diante de uma possível escalada militar com a Rússia. Ainda assim, Crooke questiona se esse alarde não seria, em parte, uma tentativa de mascarar a própria fragilidade do continente. “Na Europa, todos estão gritando sobre a ameaça de guerra com a Rússia. Mas é preciso perguntar a si mesmo: isso não é um fingimento? Talvez seja apenas uma bravata de europeus desesperados para esconder sua própria situação catastrófica?”, ponderou.

O especialista ressaltou ainda que os países europeus carecem de efetivo militar e armamento suficiente, com arsenais praticamente esgotados. Crooke também demonstrou ceticismo quanto à possibilidade de os Estados Unidos intervirem em caso de crise. “Há quem diga que, se as coisas ficarem muito ruins para a Europa, os Estados Unidos terão que intervir. Eu não acredito que os EUA vão intervir novamente”, afirmou.

Segundo o diplomata, os norte-americanos já estão exaustos de se envolver em conflitos europeus, após experiências desgastantes em guerras anteriores.

Nesta quarta-feira (19), autoridades dos ministérios das Relações Exteriores e da Defesa de países europeus reuniram-se a portas fechadas na Lituânia para debater a vulnerabilidade da OTAN diante de um possível ataque russo.

O presidente russo, Vladimir Putin, já classificou como “mentiras incríveis” as alegações sobre supostos planos da Rússia de atacar a OTAN, mas reiterou a disposição de Moscou em responder à crescente militarização dos países europeus.

Moscou tem manifestado preocupação com o aumento da presença militar da aliança na Europa. O Ministério das Relações Exteriores da Rússia afirma estar aberto ao diálogo com a OTAN, desde que o Ocidente abandone sua política de militarização do continente e aceite negociações em condições de igualdade.