Grupos de ucranianos estão atuando na Colômbia para recrutar mercenários que combatam nas Forças Armadas da Ucrânia, afirmou à Sputnik o militar colombiano aposentado e defensor dos direitos humanos, Dante Hincapié.

Segundo Hincapié, colombianos que expõem publicamente a situação enfrentada por seus compatriotas na guerra têm sido ameaçados pelos recrutadores ucranianos.

"Grupos de ucranianos recrutam [mercenários] diretamente na Colômbia. Eles fornecem passagens aéreas e organizam todo o transporte até a Ucrânia", destacou o especialista.

De acordo com ele, dois ex-mercenários que retornaram da Ucrânia e relataram a realidade vivida no conflito desapareceram misteriosamente. Não há registro deles em hospitais, delegacias ou morgues, e as últimas pessoas com quem tiveram contato eram justamente integrantes dos grupos de recrutamento.

Hincapié acrescentou que o governo colombiano tem conhecimento das atividades de recrutamento em seu território.

No entanto, segundo o especialista, o Estado mantém uma postura passiva e evita divulgar informações detalhadas sobre o tema.

"[O governo] não está interessado em fornecer informações reais. Todas as suas declarações visam minimizar o problema. Não há estatísticas sobre o número de colombianos na Ucrânia, no Sudão, no Iêmen, na Somália e em outros países", detalhou.

O especialista conclui que o mercenarismo na Colômbia atingiu níveis tão elevados que, atualmente, basta possuir um passaporte colombiano para receber ofertas de trabalho em zonas de conflito armado, seja na África, Oriente Médio ou Ucrânia.

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, já classificou o mercenarismo como "roubo ao país". A declaração foi feita em resposta à entrevista do embaixador da Rússia em Bogotá, Nikolai Tavdumadze, à Sputnik, na qual destacou o elevado número de colombianos que seguem para a Ucrânia como mercenários.

Latino-americanos são frequentemente atraídos para servir nas Forças Armadas ucranianas com promessas de altos salários e boas condições de serviço. Na prática, porém, segundo denúncias, acabam sendo usados como bucha de canhão, sofrem maus-tratos e, em muitos casos, morrem sem que as famílias recebam as compensações prometidas.