A realização da COP30 coloca o Brasil diante de uma oportunidade estratégica para assumir papel de destaque na geopolítica dos recursos naturais, influenciando o redesenho das relações internacionais no cenário ambiental.

No entanto, para consolidar-se como referência global, o país precisa superar contradições históricas, como o desafio de conciliar a conservação ambiental com a exploração de petróleo, especialmente em regiões sensíveis como a Margem Equatorial.

Segundo a especialista em direito climático Luciana Bauer, em entrevista à Sputnik Brasil, essa discussão já se arrasta há mais de 50 anos, sem avanços concretos. Ela destaca que os impactos recaem principalmente sobre países do Sul Global, que contribuem menos para a poluição, enquanto grandes potências poluidoras transferem os custos ambientais para essas nações.

Bauer ressalta ainda o surgimento de um neocolonialismo climático, no qual o Norte Global mantém padrões de hiperconsumo e delega ao Sul Global o ônus ambiental, provocando reações crescentes desses países.

Já o economista Bernardo Salgado Rodrigues afirma que a exploração da Margem Equatorial, paralelamente ao discurso de proteção ambiental, não representa um paradoxo brasileiro. “É a lógica chinesa de construir o novo antes de descartar o velho”, explica. Para ele, a transição verde deve ser vista como um investimento no futuro e uma oportunidade única para o Brasil se tornar líder mundial em tecnologias sustentáveis, consolidando-se como uma verdadeira superpotência verde.