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Lula propõe roteiro global para abandonar combustíveis fósseis

Presidente defende acordo internacional para transição energética sem imposição de prazos, respeitando a soberania dos países

19/11/2025
Lula propõe roteiro global para abandonar combustíveis fósseis
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva - Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu, nesta quarta-feira (19), que os países elaborem um roteiro conjunto para a transição do uso de combustíveis fósseis, ainda que sem prazos definidos e respeitando as particularidades de cada nação.

Em conversa com jornalistas em Belém, após uma série de reuniões com negociadores internacionais, Lula reforçou a necessidade de um acordo global para a construção de um plano de transição energética, tema que tem pautado desde a Cúpula de Líderes que antecedeu a COP30.

“É por isso que colocamos a questão do mapa do caminho, porque é preciso mostrar à sociedade que queremos avançar, sem impor nada a ninguém, sem determinar prazos. Cada país deve ser responsável por definir o que pode fazer, no seu tempo e conforme suas possibilidades, mas queremos mostrar seriedade no compromisso”, afirmou o presidente.

Lula ressaltou ainda sua legitimidade para propor o debate, lembrando que o Brasil é um grande produtor de petróleo. “Falo isso à vontade, porque sou de um país que extrai 5 milhões de barris de petróleo por dia. Mas também sou de um país que mais utiliza etanol misturado à gasolina e que produz muito biodiesel”, destacou. O presidente também lembrou que a matriz energética brasileira é majoritariamente composta por fontes limpas.

Escalado para liderar negociações na COP30, Lula busca destravar temas de interesse brasileiro, como adaptação climática. O Brasil, assim como outros países em desenvolvimento, está entre as nações mais impactadas por eventos climáticos extremos.

Durante o dia, o presidente se reuniu com representantes do Egito, Arábia Saudita, China, Índia, Venezuela, União Europeia, Portugal, Alemanha, países nórdicos, Pequenas Ilhas e Jamaica.

Ao final das reuniões, Lula declarou estar otimista: “Terminei o dia tão feliz que tenho convicção de que ainda vou convencer o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre a gravidade do aquecimento global.” O ex-presidente americano retirou os EUA do Acordo de Paris e não participou da COP30.

“Um dia haverei de convencer o presidente dos Estados Unidos de que a questão climática é séria e que o desenvolvimento verde é necessário”, reforçou Lula.

O presidente também destacou o respeito à soberania dos países e lembrou que as decisões na COP são tomadas por consenso, mas acredita que é possível chegar a um acordo comum. “Não queremos impor nada, queremos apenas mostrar que é possível. E, se é possível, vamos tentar construir juntos”, afirmou.

Lula voltou a defender que os países ricos financiem as ações das nações mais pobres para o combate às mudanças climáticas. Ele também ressaltou que petroleiras e mineradoras devem contribuir com os custos dessas medidas.