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Senado aprova voto de censura a chanceler alemão por fala sobre Belém
Declarações consideradas xenófobas e preconceituosas motivaram a resposta do Congresso brasileiro e do presidente Lula
O plenário do Senado aprovou, nesta terça-feira (18), um requerimento do senador Zequinha Marinho (Podemos-PA) que expressa voto de censura ao chanceler alemão Friedrich Merz, em razão de declarações consideradas xenófobas e preconceituosas contra a cidade de Belém, sede da Cúpula do Clima das Nações Unidas (COP30). As falas do chanceler alemão ocorreram durante um discurso no Congresso Alemão do Comércio, no último dia 13, quando ele comparou o Brasil à Alemanha.
"Senhoras e senhores, vivemos em um dos países mais belos do mundo. Na semana passada, perguntei a alguns jornalistas que estavam comigo no Brasil: 'Quem de vocês gostaria de ficar aqui?' Ninguém levantou a mão. Todos ficaram felizes por termos retornado à Alemanha daquele lugar que tínhamos acabado de visitar", afirmou Merz. O discurso foi transmitido pelo YouTube e transcrito na página oficial do governo federal alemão.
Para Zequinha Marinho, as declarações "não são apenas infelizes", mas também desrespeitam a cidade de Belém e todo o povo brasileiro, especialmente a Amazônia, "região que é patrimônio da humanidade". O senador classificou a postura do chanceler como "superficial" e "paternalista", e defendeu que países ricos assumam compromissos concretos para financiar a preservação da floresta. "A COP30 é uma oportunidade para que os países assumam compromissos reais e ambiciosos. Belém foi escolhida justamente por estar no coração da Amazônia, onde se trava a batalha mais importante contra o aquecimento global", destacou.
'Deveria ter ido em um boteco no Pará'
Também nesta terça-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva respondeu ao chanceler alemão. "O primeiro-ministro da Alemanha esses dias se queixou: 'Fui no Pará e voltei logo porque gosto mesmo é de Berlim'. Ele, na verdade, deveria ter ido em um boteco no Pará. Deveria ter dançado no Pará. Deveria ter provado a culinária do Pará. Ele ia perceber que Berlim não oferece a ele 10% da qualidade que oferece o Estado do Pará e a cidade de Belém. Eu falava toda hora: 'Come a maniçoba, pô'", brincou Lula.
A resposta, em tom bem-humorado, foi dada durante a inauguração de uma ponte que liga os municípios de Xambioá (TO) a São Geraldo do Araguaia (PA). Lula evitou críticas mais duras, ao contrário de outros políticos, mas aproveitou para rebater aqueles que desaprovaram a escolha de Belém para sediar a COP30. Segundo o presidente, "tinha muita gente que não queria" e que criticaram questões como os altos preços de hospedagem, alimentos e bebidas.
"Essas pessoas nunca reclamaram da água que pagam quando vão ao aeroporto internacional, nunca reclamaram quando vão a um show do preço da água e do guaraná. Mas foram reclamar do Pará. E a COP30 vai ser no Pará para quem gostar e para quem não gostar", afirmou Lula.
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