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Comissão da ONU diz ter provas de genocídio de Israel em Gaza

Comitê pediu a TPI para investigar Netanyahu e Herzog pelo crime

Redação ANSA 17/09/2025
Comissão da ONU diz ter provas de genocídio de Israel em Gaza
- Foto: Reprodução

A presidente da comissão das Nações Unidas responsável por acusar Israel de genocídio na Faixa de Gaza afirmou nesta quarta-feira (17) que para chegar à conclusão foram "colhidas provas" em uma apuração que durou "dois anos".

Ela também informou que pediu ao Tribunal Penal Internacional (TPI) para investigar nomes do alto escalão do governo israelense, incluindo o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e o presidente Isaac Herzog.

"Verificamos todos os fatos usando recursos da ONU: imagens de satélite, evidências digitais.

Entrevistamos testemunhas, médicos, por exemplo", explicou Navi Pillay, chefe da Comissão Internacional Independente de Inquérito da ONU sobre a situação dos direitos humanos nos territórios palestinos ocupados.

Em uma entrevista à RTS, Pillay rebateu os argumentos de Tel Aviv que colocaram em dúvidas a veracidade do relatório de 72 páginas divulgado na última terça (16). Segundo ela, os investigadores ouviram declarações "com intenções genocidas" de lideranças políticas israelenses, como do premiê, ao mesmo tempo em que tais provas foram confrontadas com os critérios estabelecidos na Convenção das Nações Unidas para a prevenção desse tipo de crime.

"Posso afirmar que houve e continua ocorrendo um genocídio no enclave palestino", reforçou a chefe da Comissão.

"O presidente israelense [Isaac Herzog] chamou os palestinos de 'animais', [já] Netanyahu pediu a destruição de Gaza", acrescentou Pillay, incluindo que sua equipe estudou "essas declarações e o que se pode deduzir delas".

"Posso garantir que estamos muito certos dos fatos e da responsabilidade do Estado de Israel, pois essas pessoas agiram como agentes do Estado", sustentou.

Netanyahu em meio a militares israelenses

Ela também informou que a Comissão pediu à procuradoria do TPI que conduza uma investigação sobre os crimes de genocídio supostamente realizados a mando de Netanyahu, Herzog e do ex-ministro da Defesa Yoav Gallant. Tanto Netanyahu quanto Gallant já possuem um pedido de prisão emitido pelo TPI por "crimes de guerra" cometidos no conflito em curso em Gaza, incluindo "a fome como arma de guerra".

Quando questionada sobre o argumento israelense de o confronto ter sido provocado pelo Hamas e disto não ter sido levado em consideração, Pillay enfatizou que a Comissão Internacional de Inquérito da ONU sobre a região foi o primeiro órgão das Nações Unidas a condenar os ataques do grupo fundamentalista islâmico em 7 de outubro de 2023.

"Se Israel insiste que agiu em defesa aos ataques do Hamas, obviamente tem o direito de se defender perante a um tribunal", afirmou.

Ontem investigadores da comissão presidida por Pillay anunciaram, pela primeira vez, que Israel tem cometido genocídio na Faixa de Gaza desde outubro de 2023, com a "intenção de destruir os palestinos" presentes no território.

O relatório de 72 páginas afirma que os atos incluem "o assassinato de palestinos em Gaza", causando-lhes "graves danos físicos e mentais", "impondo deliberadamente ao grupo condições de vida calculadas para causar sua destruição física, total ou parcial", e "impondo medidas destinadas a impedir nascimentos dentro do grupo".