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'A sociedade diz que a culpa é da mulher, a regra sempre foi o silêncio', diz a atriz Cristina Pereira sobre assédio sexual
Vítima de estupro aos 12 anos e protagonista de filme que inverte estereótipos de gênero, artista reflete sobre como mulheres se sentem ao sofrer violência sexual
Recentemente, Cristina Pereira emocionou o público do Festival de Gramado ao fazer um tocante relato sobre um estupro que sofreu aos 12 anos de idade, no caminho para a escola. A atriz estava no evento cinematográfico para divulgar o filme "O clube das mulheres de negócios", da cineasta Anna Muylaert, previsto para chegar aos cinemas em novembro.
O longa apresenta crítica mordaz ao patriarcado propondo uma inversão dos estereótipos de gênero em que mulheres ocupam posições de poder enquanto homens são criados para serem submissos. Cristina protagoniza o filme. Ela é Cesarea, a presidente do clube, onde jovens garçons servem drinks de shortinho diante de olhares femininos devoradores.
No meio da história, o neto da personagem, vivido por Rafael Vitti, denuncia um assédio sofrido. "Bobagem! Será que é tão triste assim ser desejado?", responde a avó ao neto. A cena, com os papeis invertidos, joga luz sobre como a palavra da mulher é desconsiderada diante de casos de assédio e abuso sexual.
Em entrevista exclusiva ao GLOBO, Cristina falou como se sentiu diante da violência sexual que sofreu e como o mundo patriarcal trata essas questões:
- A sociedade diz que a culpa é da mulher, a regra sempre foi o silêncio. A ordem sempre foi não falar. “Silêncio, é uma vergonha”. Como assim? É crime! Um crime contra a pessoa, a mulher, as meninas, as moças... Falar o que aconteceu é uma libertação, um caminho de uma justiça, para não acontecer mais. Um caminho longo, né? Difícil. Quase sempre é minimizado.
A atriz também explicou o que a fez querer expor a violência da qual foi vítima e o que sentiu quando falou:
- Estávamos na coletiva após a exibição do filme. De repente, apareceu a história do abuso do menino. Destampou um negócio dentro de mim. Não foi planejado, pensado. Quando vi, estava falando. Sabe quando te dá um treco? Me deu um surto. Quando comecei a falar, tinha muita raiva. Então, comecei a chorar. E não tinha mais controle sobre isso. Foi um vômito. - definiu. - No momento em que falei, entendi um monte de coisa, valeu por anos de análise. As vezes em que falei isso em terapia, não deram bola. Foram duas vezes, em dois momentos diferentes da minha vida e a reação foi, tipo: “Ah, esse é um assunto que já superou”. A gente nunca supera, jamais.
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