Finanças

Aumento de tarifa anunciado pelo México também vai valer para produtos do Brasil

Taxas vão incidir sobre itens de uma dúzia de países, entre eles China e África do Sul, a partir de 2026. Aprovação do projeto ocorre sob pressão dos EUA

Agência O Globo - 11/12/2025
Aumento de tarifa anunciado pelo México também vai valer para produtos do Brasil
Foto: © AP Photo / Marinha do México

O projeto de lei aprovado pelo Senado mexicano que eleva tarifas de importação sobre podutos de uma dúzia de países inclui o Brasil. O projeto foi votado na noite de quarta-feira e, inicialmente, acreditava-se que as sobretaxas valeriam apenas para países asiáticos.

Aviso:

Queixa:

O texto, apreciado em meio a forte pressão dos EUA, foi aprovado com 76 votos a favor e cinco contra. Além de China e Brasil, os países afetados incluem Coreia do Sul, Índia, Indonésia, Rússia, Tailândia, Turquia e Taiwan.

Na terça-feira, a Câmara dos Deputados já havia votado a proposta da presidente , que agora precisa publicá-la para que as novas tarifas entrem em vigor em 1º de janeiro de 2026.

A expectativa do governo mexicano é que, com esse movimento, possa haver algum alívio para as tarifas americanas sobre itens como aço e alumínio importados do México.

As tarifas mexicanas afetarão 1.463 classificações tarifárias em setores como automotivo, têxtil, vestuário, plásticos, eletrodomésticos e calçados, entre outros, principalmente produtos chineses.

As sobretaxas vão variar entre 5% a 50%, conforme o projeto original. Mas a maioria ficou entre 20% e 35%, e apenas em alguns casos a taxa inicialmente pensada foi mantida.

Um total de 35 senadores se abstiveram da votação, argumentando que o projeto de lei foi elaborado às pressas, sem analisar seu impacto sobre a inflação, e em resposta à pressão do presidente americano, .

Em apoio à reforma, os parlamentares do partido do governo enfatizaram que ela busca fortalecer o setor industrial do México, promover a criação de empregos e expandir as cadeias de suprimentos.

A proposta "tem como único objetivo fortalecer a economia nacional", afirmou o senador Juan Carlos Loera, do partido governista Morena, durante o debate.

Sheinbaum apresentou a proposta em setembro, em meio à crescente pressão comercial de Trump e acusações de que o México é a porta de entrada para produtos chineses nos Estados Unidos.

O México, juntamente com o Canadá, prepara-se para negociar a renovação do Tratado de Livre Comércio da América do Norte (T-MEC) com os Estados Unidos, enfrentando novas exigências da Casa Branca.

"Essas tarifas coincidem com uma onda de restrições comerciais nos Estados Unidos, o que levanta uma questão central: o México está definindo sua própria política comercial ou está reagindo a Washington, ou pior, obedecendo a Washington?", questionou Mario Humberto Vázquez, do partido da oposição PAN.

Sheinbaum rejeitou essas críticas, argumentando que essa medida faz parte do Plano México, um projeto lançado por ela para fortalecer o mercado interno, reduzir a dependência de importações de terceiros países e gerar uma maior proporção de conteúdo nacional.

Após o anúncio da reforma em setembro, a China alertou que se opunha a qualquer "coerção" para impor restrições às suas exportações e anunciou que estava considerando medidas de retaliação.

O governo de Sheinbaum propôs um "grupo de trabalho" ao gigante asiático a respeito dessa iniciativa, embora poucos detalhes do diálogo tenham sido divulgados.

Diversos setores e indústrias manifestaram sua oposição à iniciativa. Amapola Grijalva, representante da Câmara de Comércio México-China, alertou à AFP que ela poderia impactar a inflação e que a construção de uma cadeia de suprimentos mexicana exigiria tempo e investimento.

Para China, tarifas são injustificadas e prejudiciais

Autoridades chinesas criticaram as tarifas do México, afirmando que são injustificadas e prejudiciais.

As maiores tarifas, de 50%, recairão sobre carros chineses. A poderosa indústria automotiva da China domina hoje 20% do mercado mexicano.

Autoridades e associações da indústria automotiva do México apoiaram as sobretaxas, como forma de resguardar a produção nacional, motor do setor produtivo do país.

Além das sobretaxas, os parlamentares aprovaram uma medida que dá mais poder ao Ministério da Economia. Este poderá ajustar as tarifas de importação conforme a necessidade.