Finanças

No topo, 1% mais rico do mundo é responsável por mais de 40% das emissões de gases que afetam o clima

Metade mais pobre do mundo emite só 3%, mas é a que mais sofre com a crise climática

Agência O Globo - 10/12/2025
No topo, 1% mais rico do mundo é responsável por mais de 40% das emissões de gases que afetam o clima
No topo, 1% mais rico do mundo é responsável por mais de 40% das emissões de gases que afetam o clima

A crise climática é um desafio global, mas seus impactos são distribuídos de forma profundamente desigual. Uma nova pesquisa revela que o 1% mais rico do planeta responde, sozinho, por 41% das emissões de carbono vinculadas à posse de capital privado.

Em contraste, os 50% mais pobres da população mundial, que estão mais expostos aos efeitos de eventos climáticos extremos, são responsáveis por apenas 3% dessas emissões.

Relatório evidencia desigualdade:

Segundo dados de 2024, os 10% mais ricos concentram 77% das emissões relacionadas a essas atividades. As informações integram a terceira edição do 'Relatório Mundial sobre a Desigualdade 2026', elaborado por pesquisadores do World Inequality Lab, sob coordenação do economista francês Thomas Piketty.

Para os autores, a disparidade não se limita à responsabilidade ambiental, mas também determina quem corre mais riscos diante da crise climática.

"Os maiores responsáveis pelas mudanças climáticas são também os que têm maior facilidade em se adaptar", afirma Ricardo Goméz Carrera, coordenador do relatório.

Indivíduos que mais emitem carbono — como aqueles que utilizam jatos particulares — dispõem de mais recursos para enfrentar ou evitar as consequências das mudanças climáticas. Já os mais pobres, especialmente em países de baixa renda, permanecem mais vulneráveis aos choques climáticos.

De acordo com os pesquisadores, a desigualdade climática é, simultaneamente, uma crise ambiental e social.

Concentração de riqueza em alta:

A pesquisa também destaca o crescimento da concentração de riqueza no mundo. Menos de 60 mil pessoas — um grupo que representa o 0,001% mais rico da população global, número suficiente para lotar um estádio de futebol — concentram parcela significativa dos recursos, segundo o relatório.