Finanças

Mesmo com 10 horas a mais de trabalho, mulheres ganham apenas um terço da renda de homens

Estudo considera tanto o trabalho remunerado quanto as tarefas domésticas e de cuidado

Agência O Globo - 09/12/2025
Mesmo com 10 horas a mais de trabalho, mulheres ganham apenas um terço da renda de homens
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Um estudo recente revela que as mulheres trabalham, em média, até 10 horas a mais por semana do que os homens. Apesar da dupla jornada, que inclui empregos remunerados e afazeres domésticos, elas recebem apenas 32% da renda média masculina por hora.

Esses dados refletem uma média mundial e evidenciam como a desigualdade de gênero no trabalho persiste em diferentes regiões do planeta, inclusive no Brasil, onde pesquisas apontam cenário semelhante.

As informações são da terceira edição do Relatório Mundial sobre a Desigualdade 2026, elaborado por pesquisadores da rede World Inequality Lab, liderados pelo economista francês Thomas Piketty.

O estudo analisou não apenas a carga horária e os rendimentos do que os autores classificam como trabalhos econômicos, mas também considerou as tarefas domésticas e de cuidado com crianças e idosos — atividades que recaem majoritariamente sobre as mulheres e, muitas vezes, não são remuneradas.

Considerando apenas o trabalho não remunerado, as mulheres recebem o equivalente a 61% da renda por hora dos homens. O relatório destaca que a sobrecarga com cuidados domésticos limita oportunidades de carreira, participação política e acumulação de riqueza entre as mulheres.

Segundo os pesquisadores, a subvalorização do trabalho feminino compromete o crescimento e a resiliência das economias, afastando as mulheres de posições de liderança e poder.

Desigualdade de gênero pelo mundo

Globalmente, as mulheres detêm pouco mais de um quarto da renda total do trabalho — proporção que pouco mudou desde 1990.

Europa, América do Norte, Oceania e América Latina registraram avanços recentes, com participação feminina chegando a 40% da renda total nessas três primeiras regiões e 36% na América Latina. Na Ásia Oriental, porém, a porcentagem caiu para 34%.

Rússia e Ásia Central apresentam desempenho relativamente melhor, mas, mesmo assim, a renda das mulheres não ultrapassa 37% do total em 2025, segundo projeções.

O Oriente Médio e o Norte da África têm os piores índices, com participação feminina de apenas 16% na renda total. No Sul e Sudeste da Ásia, a taxa é de 20%, na África Subsaariana, 28%, e no Leste Asiático, 34%.

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