Finanças

Festa da firma exige cuidado: deslizes podem gerar punição e até justa causa; veja dicas

Confraternizações de fim de ano seguem as regras de conduta da empresa. Assédio e agressões verbais ou físicas podem ser punidas

Agência O Globo - 09/12/2025
Festa da firma exige cuidado: deslizes podem gerar punição e até justa causa; veja dicas
CONFRATENIZAÇÕES - Foto: Ilustração IA

Com a aproximação do final do ano, é chegada a época das celebrações e das . O mês de dezembro é recheado desse tipo de evento, organizado para reconhecer conquistas, reforçar vínculos e fechar o ano de uma forma mais leve. No entanto, nem tudo é só festa: apesar do clima descontraído, essas confraternizações são uma extensão do ambiente de trabalho e, por isso, exigem que algumas normas sejam respeitadas para evitar problemas no dia seguinte.

Fim da escala 6x1:

Festas da firma:

Segundo a advogada trabalhista Ana Gabriela Burlamaqui, sócia do escritório A.C. Burlamaqui Consultores, comportamentos incompatíveis com as normas internas ou que caracterizem falta grave podem levar a sanções disciplinares, e, em situações mais graves, até mesmo à dispensa por justa causa.

— Além das atitudes que ferem as normas e políticas internas de cada empresa, quaisquer condutas que extrapolem gravemente o respeito entre colegas poderão ser qualificadas como passíveis de dispensa por justa causa. Registrando que, para a aplicação da justa causa, precisamos observar os requisitos de imediatidade, proporcionalidade e gradação da pena — explica a especialista.

Como exemplos de condutas consideradas inadequadas nesses encontros, a advogada aponta os comportamentos que caracterizem assédio sexual entre colegas, como comentários, gestos, insistência e contato físico forçado, e também as agressões verbais e físicas.

Além disso, atitudes como extrapolar no consumo de álcool, gerando comportamento descontrolado ou gestos discriminatórios de todos os tipos, danos ao patrimônio, uso de substâncias ilícitas e condutas que exponham a imagem da empresa, inclusive em redes sociais, também são inapropriadas.

De acordo com a advogada trabalhista Elisa Alonso, sócia do RCA Advogados, o fato de a bebida ser liberada no evento não autoriza comportamentos ofensivos ou incompatíveis com a ética profissional.

— O consumo de álcool pode funcionar como fator agravante, especialmente quando comprovado que o excesso contribuiu para o comportamento inadequado ou gerou riscos a terceiros — afirma a advogada, ressaltando que algumas condutas, mesmo sem a gravidade necessária para romper o vínculo de emprego, prejudicam a imagem do trabalhador e podem comprometer sua credibilidade no ambiente corporativo.

Equilíbrio e descrição

Para as especialistas, o networking é natural nas confraternizações, mas deve ser pautado por equilíbrio, discrição e respeito aos limites éticos e hierarquia.

— O networking deve ser educado e profissional, evitando conversas invasivas, pressão sobre colegas ou superiores, exposição da empresa e qualquer comportamento que gere constrangimento — diz Ana.

Elisa ressalta que, embora o ambiente da festa seja descontraído, não é uma extensão formal do trabalho ou local apropriado para reclamações ou debates.

— O que se sugere é preservar a própria privacidade, não se exceder, aproximar-se das pessoas, mas respeitar os limites, buscar conexões genuínas, não oportunistas — ela afirma.

No caso do empregado se exceder ou cometer algum erro grave durante a confraternização, as especialistas sugerem que ele assuma a responsabilidade pelo ocorrido o quanto antes.

— É necessário que o funcionário comunique-se de forma transparente com sua liderança ou RH, procurando não só se desculpar, como se colocando à disposição para reparar o que for possível — explica Ana, salientando que essas atitudes não impedem a empresa de adotar medidas proporcionais, inclusive disciplinares.

Apesar disso, Elisa diz que a jurisprudência valoriza atitudes de boa-fé e colaboração, afirmando que, neste contexto, adotar postura proativa pode mitigar consequências internas e preservar a relação de trabalho, quando ainda houver espaço para isso.

Dicas para se divertir sem passar dos limites

Observar as regras e manuais internos do empregador;

Preservar uma postura alinhada ao ambiente profissional;

Nunca exagerar no consumo de bebidas alcoólicas;

Respeitar a hierarquia;

Evitar assuntos sensíveis, como política, conflitos internos, salários e avaliações;

Manter estritas regras de educação e respeito;

Ter cuidado na exposição da própria imagem ou de terceiros, inclusive em fotos, vídeos e redes sociais (vale sempre pedir autorização para posts envolvendo outras pessoas);

Não ter atitudes insistentes, como conversas ou interações quando o outro demonstra incômodo.

* estagiária sob supervisão de Danielle Nogueira.