Finanças
Keeta volta ao Cade contra 99Food, na guerra do delivery
App da chinesa Meituan questiona cláusulas de exclusividade da concorrente com restaurantes. Justiça já derrubou instrumentos
Em mais um capítulo da disputa no mercado brasileiro de delivery de comida, a Keeta voltou ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) contra a 99Food. Em nova petição nesta quinta-feira (dia 23), a empresa pede que o órgão que regula a concorrência no país proíba que a rival celebre contratos de exclusividade com restaurantes. O novo argumento é que, em entrevista, executivo da concorrente teria "confessado" medidas anticompetitivas para barrar a entrada da rival no setor.
O aplicativo de entregas do grupo chinês Meituan — que deve iniciar as operações no Brasil no fim do ano — ingressou com uma ação no Cade contra a 99Food alegando que a empresa bloqueia sua entrada no mercado ao celebrar contratos de exclusividade com restaurantes prevendo a proibição de sua contratação, o que chama de “cláusula de banimento”.
A briga também corre nos tribunais. Nesta semana, a Justiça de São Paulo vetou as cláusulas de exclusividade impostas pela 99Food a restaurantes parceiros em troca de benefícios como taxas mais atrativas, mas que proíbem que os estabelecimentos conveniados operem com a Keeta.
Em entrevista ao O Globo na última terça-feira sobre a derrota na Justiça, o diretor de Comunicação da 99, Bruno Rossini, argumentou que a conduta da empresa "é legal e está dentro de todas as práticas regulatórias".
Ele também defendeu que os os contratos com exclusividade (parcial ou não) são importantes para "romper a inércia" e estimular a concorrência do mercado de entrega de comida no país, que tem 80% das operações dominadas pelo iFood, segundo estimativas do setor.
— Estamos protegendo o espaço que conquistamos. Se não fizermos isso, vai ter uma "pancada" de empresa entrando no mercado para disputar os 20% que não são do iFood — avaliou
Para os advogados da Keeta, porém, a fala do executivo é uma "clara confissão do objeto anticompetitivo da restrição".
"A 99Food confessa, com todas as letras, que o objeto das cláusulas é impedir que os “potenciais novos entrantes” ou a “pancada de empresa entrando no mercado” possam 'disputar os 20% que não são do iFood'. Em outras palavras, a 99Food almeja tornar-se a única concorrente com escala viável frente ao iFood, eliminando a possibilidade de uma terceira empresa disputar o mercado de forma efetiva”, argumentam os advogados ao Cade.
Procurada, a 99Food não comentou.
'Semiexclusividade'
Controlada pelo também chinês grupo DiDi, gigante global de mobilidade, a 99 retornou ao mercado de delivery de comida neste ano, após deixar o setor em 2023. A retomada começou por Goiânia e São Paulo, e chegou ao Rio de Janeiro no último dia 15.
No evento de lançamento da plataforma no Rio, o diretor-geral da 99 no Brasil, Simeng Wang, explicou que a empresa oferece aos estabelecimentos parceiros contratos com ou sem exclusividade, por até dois anos, com taxas e comissões que variam.
Além disso, há um modelo chamado de "semiexclusivo", no qual o restaurante acessa taxas mais vantajosas, mas continua operando com o iFood, que domina 80% do mercado. No entanto, “escolhe não trabalhar com potenciais novos entrantes”, segundo o executivo. É esse o objeto de questionamento da Keeta.
No documento, os advogados da Keeta também pedem que o Cade determine que a 99Food apresente a lista de restaurantes para os quais ofereceu as cláusulas de exclusividade e quais aceitaram a proposta.
Rossini afirmou que a empresa não abre números, mas que "apenas centenas" de restaurantes estão sob as cláusulas de semiexclusividade, o que representa um percentual "muito pequeno" no universo de estabelecimentos cadastrados na plataforma.
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