Esportes

Escândalo pré-olímpico: China classifica como 'notícia falsa' os casos de doping entre vários nadadores

Nadadores chineses, campeões em Tóquio, teriam testado positivo antes dos Jogos mas não foram punidos

Agência O Globo - GLOBO 22/04/2024
Escândalo pré-olímpico: China classifica como 'notícia falsa' os casos de doping entre vários nadadores

Pequim classificou nesta segunda-feira como "notícia falsa" os relatos de que 23 nadadores chineses testaram positivo em um exame antidoping antes dos Jogos Olímpicos de Tóquio em 2021.

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"Estas são notícias falsas que não correspondem à realidade", afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin.

O mundo do esporte está abalado desde o final de semana pela notícia de que vários nadadores chineses testaram positivo para trimetazidina, uma substância proibida por melhorar a circulação sanguínea.

Treze dos nadadores que testaram positivo puderam competir em Tóquio depois que a autoridade mundial antidoping aceitou uma investigação da China que alegava que os atletas ingeriram a substância acidentalmente devido a contaminação alimentar.

Vários nadadores ganharam medalhas na competição, incluindo uma de ouro, e muitos deles irão competir nos Jogos Olímpicos de Paris.

Impossível refutar a contaminação

Em um comunicado publicado neste sábado, a WADA deu explicações sobre a maneira de que procedeu. Devido às restrições da época relacionadas com a pandemia de covid-19, os seus investigadores não puderam viajar.

No entanto, foram consultados peritos independentes para testar a hipótese de contaminação apresentada pela CHINADA. A WADA chegou à conclusão de que "não estava em condições de refutar a possibilidade de contaminação como fonte de trimetazidina".

Consequentemente, nenhuma negligência ou culpa foi atribuída aos atletas. A WADA considerou, portanto, que não havia justificativa para apresentar um recurso.

Em 2022, a Agência Internacional de Análise (ITA) levantou questões relativas à alteração de amostras de trimetazidina. "Foi revisado de forma independente pelo departamento de 'Investigação e Informação' da WADA, que concluiu que os processos apropriados foram realizados e que não havia evidências de um ato repreensível", explicou a WADA.

Este caso levou a um confronto através de comunicados de imprensa cruzados entre o chefe da Agência Antidoping dos Estados Unidos (USADA), Travis Tygart, e a WADA.

Tygart acusou a WADA e a CHINADA de terem varrido "os testes positivos para debaixo do tapete", aludindo a "erros flagrantes".

Acusações "motivadas politicamente" para "enfraquecer o trabalho da WADA", reagiu a agência com sede em Montreal, lembrando que no passado aceitou conclusões semelhantes às da USADA em casos de contaminação de atletas norte-americanos.

Para Tygart, a trimetazidina não se enquadra na categoria de produtos dopantes que podem proceder de uma contaminação. Lembra ainda que nos casos anteriores comprovados de contaminação, a USADA "havia suspendido provisoriamente os atletas, constatado uma violação das regras antidoping e publicado um comunicado", o que não aconteceu com os nadadores chineses.

No passado, ocorreram vários escândalos de doping que afetaram a natação chinesa. Nos Jogos Asiáticos de 1994, sete nadadores chineses testaram positivo para esteroides.

Em 1998, a nadadora Yuan Yuan foi banida depois que a alfândega australiana detectou grandes quantidades de hormônio do crescimento em sua bagagem durante o Mundial em Perth.

O superastro da natação Sun Yang, tricampeão olímpico e 11 vezes campeão mundial, está suspenso desde fevereiro de 2020 por quatro anos e três meses, depois de destruir com um martelo uma amostra de sangue colhida durante um teste antidoping surpresa feito em seu domicílio em setembro de 2018.