Economia
EUA podem isentar café, cacau e outros produtos agrícolas, diz Lutnick
O secretário do Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, reconheceu que o país pode reconsiderar e isentar de tarifas comerciais bens incapazes de "crescer" em solo americano, como café, cacau e outros produtos. Ele não citou quais países serão beneficiados pela isenção, mas voltou a afirmar que as tarifas são necessárias para corrigir injustiças no comércio.
"Em nossos acordos comerciais, nossa expectativa é que (em relação aos) recursos naturais indisponíveis - uma banana, outras especiarias e as raízes -, a expectativa deve ser (que) não haverá tarifa", disse o secretário, que trata os produtos agrícolas como "recurso natural". Segundo ele, se os Estados Unidos não impuserem tarifas para café ou cacau, por exemplo, um parceiro comercial terá de abrir seu mercado para permitir que os agricultores americanos vendam soja, em contrapartida.
"Por que vocês esperam nos vender café e cacau e não nos deixam vender soja? Parece injusto", disse. "Vamos tornar isso justo."
Esse movimento poderia ser importante para o Brasil, o maior produtor de café do mundo e que tem nos EUA um mercado importante. Mas Lutnick não especificou se, caso viesse a ser adotada, essa isenção valeria para todos os países.
Nas negociações em torno das tarifas anunciadas por Trump, a situação brasileira é diferente da dos demais países. Isso porque, em relação ao Brasil, os Estados Unidos registram superávit comercial. Na carta em que justifica as tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros, o presidente Donald Trump cita o processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) contra empresas americanas para justificar a decisão. O café é um dos principais produtos brasileiros impactados pelas tarifas.
Segundo o secretário, taxas sobre produtos farmacêuticos serão anunciadas nas próximas duas semanas e serão "massivas" para empresas que não tenham fábricas estabelecidas no país.
Em entrevista à CNBC na manhã desta terça-feira, 29, o secretário também comentou os acordos comerciais alcançados por Trump. "Esses acordos normalmente levam décadas, mas Trump trabalha com tempo diferente e quer acordos feitos agora", disse, ressaltando que o prazo final para imposição de tarifas continua sendo sexta-feira, 1º.
Lutnick reiterou que os países precisam de maior celeridade nas negociações e abrir completamente seus mercados. "O preço para o comércio com os EUA é claro", pontuou. Segundo ele, a decisão final sobre aqueles que conseguirão acordo ou terão tarifas automaticamente estabelecidas caberá a Trump, incluindo no caso da Índia.
Em relação à União Europeia (UE), o secretário comemorou o acordo e, ao ser questionado, disse ainda pretender conversar com o bloco para eliminar impostos sobre serviços digitais.
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