Economia

Comércio e turismo temem prejuízos com limite no parcelamento do cartão de crédito. Entenda

Banco Central discute estabelecer limite para parcelamento de compras no cartão sem juros

Agência O Globo - EXTRA 18/10/2023
Comércio e turismo temem prejuízos com limite no parcelamento do cartão de crédito. Entenda
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Uma pesquisa do Instituto Locomotiva revela que 72% dos comerciantes e do setor do turismo brasileiro temem queda em suas vendas se o número de parcelas sem juros no cartão de crédito fosse limitado. O levantamento foi feito entre comerciantes das cinco regiões do Brasil, com faturamento de até 5 milhões. A apuração do Instituto Locomotiva foi feita entre os dias 30 de agosto e 22 de setembro de 2023 com 800 comerciantes.

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A pesquisa captou a insegurança do setor em meio a discussões sobre alterações no modelo de compras. Na última segunda-feira (dia 16), representantes do Banco Central se reuniram com representantes do varejo, de bancos e do setor de cartões para debater propostas.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, apresentou uma proposta que pode limitar as compras no cartão de crédito sem juros em, no máximo, 12 parcelas após a legislação determinar um teto para a cobrança de juros do rotativo. O projeto ainda está em estudo.

Outro levantamento do Instituto Locomotiva já havia revelado que 77% dos consumidores brasileiros acreditam que comprariam menos, caso o número de parcelas sem juros no cartão de crédito fosse limitado. A estimativa da entidade é de que 117,8 milhões de pessoas reduziriam o consumo.

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O presidente da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), José Roberto Tadros, alertou para os impactos do limite do parcelamento sem juros no consumo e nas vendas.

“O parcelamento sem juros incentiva compras e o aumento do ticket médio, atraindo consumidores que preferem distribuir o pagamento ao longo de parcelas”, avalia.

Na reunião realizada pelo Banco Central, foi sugerida a possibilidade de fixar em 12 o número máximo de parcelas em uma compra sem juros com cartão. Tadros acredita que muitos consumidores devem reconsiderar suas decisões de compra, podendo optar por adiar ou reduzir gastos caso isso ocorra.

“Isso pode resultar em uma diminuição da frequência de compra e uma redução nos volumes de transações para os comerciantes.”

O presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Paulo Solmucci, também manifestou preocupação com limitações progressivas do parcelamento sem juros. Já o presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), Geraldo Defalco, diz que a categoria aguarda os parâmetros gerais da proposta discutida no Banco Central.

“No nosso setor, chegamos a parcelar em 18 vezes. O Banco Central falou, em reunião, num limite de 12 vezes, o que nos preocupa, mas acenou com uma redução da tarifa intercâmbio e nos garantiu que não haveria mais limitações de parcelas. A redução na tarifa de intercâmbio precisa ser relevante para compensar o nosso setor.”