Economia

Para maioria dos consumidores, aproveitar promoções contribui para empoderamento

De acordo com pesquisa, 57%, após comprar, faz recomendações a amigos; e 27% recebem elogios por acharem boas ofertas

Agência O Globo - EXTRA 15/10/2023
Para maioria dos consumidores, aproveitar promoções contribui para empoderamento
Foto: Arquivo/Agência Brasil

Mais da metade (55%) dos consumidores do país creem que economizar em compras de qualidade contribui para seu empoderamento, visto que sentem que fizeram escolhas inteligentes. Para apenas 2%, produtos mais caros proporcionam mais empoderamento. E para 23%, o empoderamento depende mais da qualidade do que da economia, entre outras respostas coletadas por pesquisa da plataforma OLX, em parceria com a MindMiners. Portanto, descontos e promoções são fatores importantes para a satisfação na jornada de compra da maioria dos brasileiros.

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A designer de moda Daiane de Oliveira, de 29 anos, comprou, no ano passado, passagem de ônibus para ir do Rio a São Paulo, usando um cupom de 99% de desconto na FlixBus, por R$ 0,20:

— Foi uma sensação muito boa, de dever cumprido, por consegui usar meu dinheiro da melhor forma e economizar.

Ao aproveitar uma boa promoção, Daiane faz como 57% dos entrevistados pela pesquisa recomendem a experiência para amigos e parentes. E 27% recebem em retorno elogios pela habilidade de encontrar boas ofertas.

— Sempre mando, e eles também me procuram quando precisam comprar algo, pois sabem que eu sempre encontro descontos — conta.

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Sempre que precisa de algo, Daiane consulta grupos de WhatsApp e Telegram voltados para a divulgação de promoções, verifica sites de descontos e cashback, e compara preços de lojas. Mas também admite que, quando encontra uma grande oportunidade, pode acabar comprando algo que não estava planejado.

Ainda de acordo com a pesquisa, 75% dos respondentes seguem perfis que compartilham descontos e promoções nas mídias sociais. Os sites das lojas foram apontados como ferramenta de busca de descontos por 53% dos participantes. A pesquisa direta no Google é a segunda mais lembrada (41%), seguida por aplicativos de cashback (ou seja, que devolvem dinheiro ou crédito para compras futuras) (39%), aplicativos próprios de promoções (37%) e aplicativos das marcas (33%).

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Com tanta informação, fica difícil se ater mesmo ao que é necessário. Cerca de 51% dos entrevistados relataram que suas compras on-line são cuidadosamente planejadas com antecedência, mas 40% as descrevem como uma combinação de planejamento e impulsividade. Por isso, o economista Gilberto Braga recomenda:

— Normalmente, a primeira reação após a concretização da compra é de grande satisfação e empoderamento, pois o consumidor acha que fez economicamente um grande negócio. O grande risco é que, num segundo momento, ele recebe a fatura do cartão, meio utilizado preferencialmente nas compras on-line, e se dá conta de que tem um valor relativamente alto para pagar. Isso acaba frustrando. E ainda tem a terceira sensação, que é o risco alto de endividamento.

Leia depoimento de Daiane de Oliveira:

"Acho que a partir de 20% é um bom desconto, mas também depende do que seja o produto. E eu sempre confiro quanto é o preço padrão pra ter certeza do desconto. No meu caso, o que mais consumo em promoção são passagens de ônibus para viajar. Na semana passada, comprei uma passagem Rio x São Paulo por R$ 27 no site Outlet de Passagem, que estava com até 70% de desconto."

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O que é vantagem para o comprador?

Em geral, o desconto mínimo oferecido por lojas ou por meio de cupons é de 10%. Mas a opinião mais popular entre os consumidores (26% deles) é de que o abatimento começa a valer a pena a partir de 20%, segundo a mesma pesquisa da OLX. Outros 8% dos que responderam consideram somente opções com descontos acima de 50%.

O professor Roberto Kanter, da Fundação Getulio Vargas (FGV), lembra que é preciso ir além da etiqueta para ter a certeza de que a compra é vantajosa.

— É impossível comprar hoje qualquer coisa pela internet sem fazer pesquisa de mercado. Tem que acessar plataformas como Bondfaro, Buscapé e Zoom, que mostram o histórico de preços dos itens. Isso vale de passagens aéreas a eletroeletrônicos — recomenda o professor: — O consumidor não pode ficar entusiasmado pelo desconto apenas. Precisa decidir pelo preço final.

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E ele acrescenta:

— Outro ponto muito importante na compra pela internet é o preço do frete. Às vezes, uma loja tem um preço nominal muito baixo, mas com o frete a compra fica mais cara do que na loja física perto de casa.

Quando o frete não impacta o preço final, o consumidor já fica feliz, de acordo com o levantamento. Para 96% dos compradores, frete grátis é uma vantagem econômica nas compras on-line.

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É preciso, no entanto, ter cuidado na busca por promoções. Para isso, dê preferência a fazer toda a jornada de compra por meio de sites, redes sociais e aplicativos oficiais. Os primeiros podem ser identificados pelo “https://” na barra de endereços e um cadeado fechado, que indica a conexão segura. Os perfis de empresas em redes sociais costumam ter selos de verificação. E um aplicativo seguro pode ser obtido em lojas oficiais como Google Play Store, para Android, e Apple Store, para iOS. Mas ainda é preciso checar o desenvolvedor e a avaliação.

Nos perfis criados por pessoas comuns para compartilhar promoções, os riscos são mais difíceis de identificar, já que a maioria deles não é verificada pelas plataformas. Links falsos de promoções podem ser divulgados por golpistas para infectar computadores de vítimas com vírus e roubar dados pessoais.

— Há serviços on-line como o Google Safe Browsing, por meio dos quais o usuário pode submeter um link e checar seu status de segurança. No entanto, eles não são 100% eficazes, pois dependem da constante avaliação de um volume massivo de endereços, e os adversários estão o tempo todo criando novos sites e perfis maliciosos. Trata-se de uma constante briga de gato e rato — conta Carlos Cabral, pesquisador da Tempest, empresa especializada em cibersegurança.

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Leia depoimento de Carlos Cabral:

"Não há uma espécie de super-herói infalível a ciberataques. No entanto, ao respirar e evitar tomar uma atitude apressada, geralmente se percebe que o valor que o atacante está oferecendo é baixo demais para ser verdade e se recorre à prudência de checar se a tal loja existe, se tem boas referências e se ela realmente emite vouchers de desconto, por exemplo."