Economia

Mubadala vai investir R$ 5 bi por ano no Brasil. CEO explica por que fundo árabe aposta alto no país

O braço de investimentos do fundo soberano de Abu Dhabi estáotimista com as perspectivas de crescimento do país sob o governo Lula

Agência O Globo - GLOBO 11/10/2023
Mubadala vai investir R$ 5 bi por ano no Brasil. CEO explica por que fundo árabe aposta alto no país
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil/Arquivo

O Mubadala Capital, braço de investimentos do fundo soberano de Abu Dhabi, está otimista com as perspectivas de crescimento do Brasil sob o comando do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e planeja investir mais de US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5 bi) por ano para expandir suas participações no país, que vão desde uma refinaria de petróleo até uma estrada com pedágio.

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Mais de uma década depois de chegar ao Brasil para investir no império de commodities do então bilionário Eike Batista, a empresa já investiu mais de US$ 5 bilhões no país, disse Oscar Fahlgren, CEO do Mubadala Capital no Brasil, em entrevista. A escala e o potencial de retorno do país o tornam o local mais atraente da América do Sul, disse.

"O PIB está crescendo mais do que o esperado, e temos visto estabilidade política desde que o novo governo assumiu", disse ele em uma chamada de vídeo. "O clima na comunidade internacional está favorecendo o Brasil, e esse é, em última análise, um ambiente benéfico para se estar."

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Fahlgren disse ainda que a empresa acaba de concluir um segundo fundo específico para o Brasil com mais de US$ 710 milhões, mais do que o dobro do primeiro, e deve começar a levantar capital para um outro ainda maior em 2024.

O Mubadala Capital tem US$ 20 bilhões sob sua gestão, dos quais cerca de dois terços vêm de investidores externos. O fundo continua a buscar oportunidades no país. As próximas etapas podem incluir companhias de varejo com problemas de capital, uma nova bolsa de valores para competir com a B3 ou até mesmo uma nova liga de futebol a ser estabelecida no Brasil.

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A entrada dos Emirados Árabes Unidos no BRICS (grupo de cooperação de economias emergentes) provavelmente aumentará os fluxos de capital entre os países membros, disse Fahlgren, acrescentando que a turbulência no resto do mundo torna o Brasil um destino de investimento ainda mais atraente.

A Mubadala Capital tem se concentrado em ativos em dificuldades com avaliações atraentes que possam ser revertidas. Seu portfólio inclui a rodovia pedagiada Rota das Bandeiras, em São Paulo, e a produtora de etanol Atvos, ambas adquiridas da Novonor, antiga Odebrecht.

O grupo também é proprietário da Acelen, holding de energia da Mubadala Capital criada para administrar a primeira refinaria privatizada do país, Mataripe (BA).

O Mubadala Capital e a Petrobras assinaram recentemente um acordo para estudar uma unidade de biocombustíveis na refinaria de Mataripe para diesel renovável e combustível de aviação, que poderia se tornar um dos maiores produtores de combustível renovável do planeta, disse Fahlgren.

Algumas autoridades pediram que a Petrobras compre de volta a refinaria de Mataripe. Fahlgren não quis comentar se há alguma negociação em andamento.

"Somos uma empresa internacional de investimentos. Em princípio, sempre aceitamos conversar sobre todo e qualquer ativo nosso, se isso fizer sentido para nossos investidores e para nós como empresa", disse ele.

No campo da energia verde, o Mubadala Capital também está expandindo a produção da Atvos e explorando a adição de outros biocombustíveis, incluindo combustível de aviação sustentável, ao seu portfólio atual.

"Tiramos a empresa da recuperação judicial, liberando seu potencial de crescimento, e estamos investindo pesadamente na expansão", disse ele.