Economia
INSS: projeto para redução de fila aprovado na Câmara inclui perícia por telemedicina. Veja como funcionaria
Governo quer implementar perícia remota ainda este ano
Uma das ferramentas incluídas no projeto de lei que busca o enfrentamento da fila do INSS, aprovado nesta quarta-feira (dia 4) na Câmara, é a adoção de telemedicina nas perícias médicas. O atendimento remoto aos segurados já passou por testes e teve a adoção permanente recomendada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), mas enfrenta a resistência de parte dos médicos peritos federais.
A perícia médica é parte fundamental da análise de pedidos de benefícios por incapacidade temporária ou permanente – os antigos auxílio-doença e aposentadoria por invalidez, respectivamente –, além dos requerimentos de Benefício de Prestação Continuada (BPC/Loas) para pessoas com deficiência.
Dados do governo mostram que em agosto – último mês com números disponíveis – mais de 647 mil segurados aguardavam pelo procedimento. O volume salta a mais de 1 milhão se considerados os pedidos de BPC/Loas.
No PL aprovado pelos deputados – e que ainda precisa ser apreciado pelo Senado – fica autorizado o uso de telemedicina nas perícias em municípios com falta de médicos peritos e/ou com tempo de espera elevado. A relação das cidades deve ser elaborada pelo Ministério da Previdência Social. O texto ainda prevê o deslocamento do médico até a casa do segurado caso ele esteja impossibilitado de se deslocar até uma das agências.
Cabines com internet nas agências
A ideia de retomar os atendimentos remotos nas perícias do INSS acontece após uma recomendação do Tribunal de Contas da União (TCU). Em 2021, o órgão pressionou o governo para que um projeto-piloto de telemedicina fosse posto em prática na autarquia . Na fase de teste, de janeiro a junho do ano passado, 400 perícias foram realizadas à distância por 12 médicos peritos do Ceará.
De acordo com o secretário do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), Adroaldo da Cunha, o resultado foi “extremamente positivo”: 94% dos procedimentos foram satisfatórios, onde os profissionais conseguiram dar um parecer sobre o caso. Os 6% restantes foram encaminhados para perícia presencial.
– Nos dedicamos a ouvir especialistas e a aprimorar o modelo. Estamos preparando um processo de licitação que deve ser iniciado ainda neste semestre. O objetivo é atender localidades distantes nas quais não há peritos, onde as pessoas hoje são obrigadas a se deslocar centenas de quilômetros para fazer uma perícia. A maioria dessas pessoas já se encontra com saúde precária e situação financeira vulnerável. Usar a telemedicina nesse caso trará alívio a essas pessoas – afirma Adroaldo.
Segundo o governo, a ideia é que a perícia por telemedicina funcione da mesma forma que o projeto-piloto testado no ano passado: o segurado comparece a uma das agências do INSS, em horário previamente estipulado, e é atendido em uma cabine com acesso à internet. Técnicos e auxiliares de enfermagem ajudariam quem tiver dificuldade.
— Nesses espaços, profissionais treinados, não-médicos, farão os procedimentos necessários e transmitirão os dados na cabine para o médico perito, que analisará as informações e os documentos, como atestados e laudos médicos, além de conversar com o segurado. Esses auxiliares e técnicos de enfermagem vão atuar como normalmente já fazem em triagens de emergências — afirma o secretário do RGPS.
Só 2,8 mil peritos
Segundo o secretário, a Perícia Médica Federal tem 2.800 profissionais, mas "distribuídos de forma desuniforme, concentrados nas capitais e regiões metropolitanas".
– É muito difícil alocá-los no interior do país — afirmou o secretário ao EXTRA em maio passado.
Em nota, a Associação Nacional dos Médicos Peritos (ANMP) afirmou que a aprovação do projeto no Congresso não vai impactar na diminuição da fila:
"Todas as estratégias de diminuição do estoque de atendimentos através da precarização do controle e da facilitação da concessão geram o reflexo oposto ao almejado. Com a implementação da telemedicina na perícia médica e com o uso indiscriminado das análises documentais, a tendência é a de aumento vertiginoso do número de solicitação de novos benefícios por parte dos segurados e dos golpistas que fraudam a Previdência Social. Os dados obtidos quando da realização do Programa de Revisão de Benefícios por Incapacidade (PRBI) e quando das investigações promovidas pela Polícia Federal demonstram que a esmagadora maioria das fraudes e das concessões injustas de benefícios ocorre justamente quando não é exigida a avaliação presencial efetuada pelos Peritos Médicos Federais", diz o texto.
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