Economia
Trabalhadores de gigante de saúde nos EUA entram em greve, na maior paralisação do tipo no país
Mais de 75 mil trabalhadores da Kaiser Permaente, consórcio que administra serviços em vários estados e atende 13 milhões de americanos, aderiram à manifestação
Mais de 75 mil trabalhadores da Kaiser Permanente, um consórcio que administra serviços de saúde em vários estados dos EUA, iniciaram uma greve na manhã desta quarta-feira. É a maior greve do setor já realizada no país e se soma a uma série de paralisações trabalhistas que ocorreram nos últimos meses nos Estados Unidos.
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A greve de três dias pode paralisar os serviços para quase 13 milhões de pessoas em pelo menos meia dúzia de estados americanos. Espera-se que os serviços não essenciais, como as consultas médicas de rotina, sejam interrompidos quando os técnicos em radiologia, técnicos em farmácia, assistentes odontológicos, oftalmologistas e centenas de outras equipes de apoio fizerem piquetes.
Como nos Estados Unidos não há serviço público de saúde, o atendimento à população, mesmo quando gratuito (ou seja, 100% financiado pelo governo), é feito por empresas privadas.
De acordo com a Kaiser, os hospitais e os serviços de emergência continuarão a funcionar por meio de uma combinação de novas atribuições nas equipes e substituição de trabalhadores.
As linhas de greve serão montadas nos hospitais da Kaiser Permanente e nos prédios de consultórios médicos em todo o país, incluindo Califórnia, Colorado, Washington, Oregon, Virgínia e Washington, DC.
O sindicato e a direção da empresa permaneceram na mesa de negociação na manhã desta quarta-feira, depois de trabalharem durante a noite, disse a Kaiser Permanente, sinalizando que um acordo ainda pode estar ao alcance.
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"Houve muito progresso, com acordos alcançados em várias propostas específicas na terça-feira", disse o porta-voz da empresa, Wayne Davis, em um e-mail.
A greve mostra como a tensão entre as empresas de saúde e os trabalhadores só vem aumentando desde o início da pandemia de Covid-19, quando muitos trabalhadores exaustos começaram a ''abandonar o campo completamente''.
A coalizão de sindicatos da Kaiser Permanente acusou a empresa de cortar trabalhadores por atrito, criando uma força de trabalho que é incapaz de cuidar dos pacientes, afirma.
A coalizão de trabalhadores reclamou junto ao National Labor Relations Board, dizendo que os executivos da Kaiser estavam negociando de má-fé para resolver a crise de pessoal.
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A empresa negou essas alegações, dizendo em um comunicado na segunda-feira que ofereceu aumentos salariais gerais de pelo menos 12,5% em quatro anos e salários mínimos estaduais de US$ 21 a US$ 23 por hora. Os dois lados continuaram a negociar até a noite de terça-feira, mas não conseguiram chegar a um acordo.
A coalizão apresentou um aviso de greve de 10 dias em 22 de setembro, como os sindicatos do setor de saúde são obrigados a fazer de acordo com a lei federal. O aviso prévio dá aos prestadores de serviços a chance de desenvolver planos de contingência para o atendimento aos pacientes, mas também pode reduzir a influência do sindicato.
- O atendimento ao paciente é a forma de vencer a guerra da opinião pública. A Kaiser pode argumentar que essas pessoas estão abandonando seus pacientes e ganhariam se o público concordasse com isso. É muito mais complicado para o sindicato convencer as pessoas de que estão fazendo greve para cuidar dos pacientes - disse Dan Bowling, professor de trabalho e emprego da Duke University.
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A greve da Kaiser é a maior do setor de saúde dos EUA, de acordo com o banco de dados da Bloomberg Law sobre paralisações de trabalho desde 1990. A segunda maior greve envolveu 54 mil trabalhadores da Universidade da Califórnia, em 2018. A Kaiser Permanente esteve envolvida em cinco das 15 maiores greves registradas nos EUA.
Série de paralisações nos EUA
A paralisação dos trabalhadores da Kaiser é a mais recente de uma série de disputas trabalhistas de alto alimentadas por um mercado de trabalho restrito, inflação alta e lucros corporativos recordes que deixaram os trabalhadores ressentidos e encorajados a se manifestarem. Um exemplo é o da United Auto Workers (UAW), que tem expandido constantemente a greve contra as montadoras de Detroit, iniciada em 14 de setembro, exigindo aumentos de até 40%.
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Na semana passada, o sindicato de roteiristas Writers Guild of America chegou a um acordo provisório com empresas de Hollywood para encerrar uma greve de cinco meses sobre inteligência artificial e pagamento de streaming, enquanto os atores do SAG-AFTRA permanecem parados.
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