Economia
Paulo Tonet Camargo assume comando da Associação Internacional de Radiodifusão
Ao tomar posse, vice-presidente do Grupo Globo defende regulamentação das plataformas de tecnologia e promete apoio à democracia
Paulo Tonet Camargo tomou posse ontem como novo presidente da Associação Internacional de Radiodifusão (AIR), organização que representa 17 mil emissoras de rádio e TV das três Américas. O evento foi realizado no Palácio das Laranjeiras, no Rio de Janeiro, e contou com a presença do governador do Rio, Cláudio Castro, do ministro das Comunicações, Juscelino Filho, além de representantes das principais emissoras de rádio e TV do Brasil.
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Tonet, que foi eleito por aclamação na Assembleia Geral da AIR na tarde de ontem, vai comandar a entidade para o período 2023-2025. Natural de Porto Alegre, Tonet é hoje vice-presidente de Relações Institucionais do Grupo Globo. Ele foi presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) entre 2016 e 2020 e integra o Conselho Superior da entidade.
Regular plataformas
Tonet é advogado e passou pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul e pelo Ministério da Justiça. Em 1998, ingressou no Grupo RBS. Ele atuou como diretor-geral do grupo em Brasília e vice-presidente jurídico e institucional até assumir, em 2011, a vice-presidência de Relações Institucionais do Grupo Globo.
— A Associação Internacional de Radiodifusão foi fundada em 1946 e congrega as emissoras das três Américas, do Sul, Central e do Norte. Sou o quarto brasileiro a assumir o comando. Mas quem assume é o Brasil. A primeira tarefa é a defesa intransigente da liberdade de expressão que está ameaçada em muitos lugares da América Latina. Podemos esperar destemor. Nossa associação tem passado por várias ditaduras, e nós estamos aqui. Essa é uma luta permanente. Não vamos esmorecer a quem impede a plena liberdade de expressão e o jornalismo independente. É muito grave o que ocorre na Nicarágua e na Venezuela — afirmou Tonet.
O novo presidente da AIR lembra que os temas principais da agenda serão ainda a discussão do uso da inteligência artificial e da assimetria regulatória entre as empresas de comunicação e as companhias de tecnologia.
— A tecnologia sempre é bem-vinda. Mas o que não pode haver é uma assimetria de regulação e direitos. Há uma assimetria regulatória entre os veículos de comunicação e as plataformas de tecnologia, que hoje distribuem conteúdo de entretenimento e informação que se baseiam no mercado publicitário. Elas prestam o mesmo serviço que nós. A diferença é que temos regulação e responsabilidade, e eles não. Essa é uma das pautas centrais da associação — assegurou Tonet. — Não se pode aceitar que plataformas continuem ganhando dinheiro sem a devida regulamentação.
O presidente da Abert, Flávio Lara Resende, ressaltou a importância de haver um brasileiro à frente da AIR:
— Ter um brasileiro no comando mostra a relevância do país na região. Um tema importante é a regulamentação das gigantes de tecnologia, e todo o mundo está esperando uma posição do Brasil sobre isso. A AIR é importante para a liberdade de expressão na região. Sem liberdade de imprensa não há democracia.
Críticas a ditadores
Em seu discurso de posse, Tonet disse que a radiodifusão tem muitos desafios, como o avanço tecnológico:
— A TV conectada à internet é uma oportunidade de novos negócios. Mas não podemos esquecer da assimetria regulatória. Nós somos responsáveis pelo conteúdo que distribuímos. E tudo se agrava com o avanço da inteligência artificial.
Ele substitui o argentino Eugenio Sosa Mendoza, do grupo Clarín, que ressaltou a importância de uma imprensa livre:
— Imprensa é liberdade.
Ao falar sobre a liberdade de imprensa, Tonet lembrou dos casos de perseguição a jornalistas na Nicarágua e Venezuela:
— A liberdade de imprensa é uma planta que sempre precisa ser regada. Eu não tenho medo de ditadores nem de ditaduras. Eles são pequenos e passam. Temos consciência de nosso papel como pilar da democracia.
Estavam na posse João Roberto Marinho, presidente do Grupo Globo, e João Carlos Saad, presidente do Grupo Bandeirantes de Comunicação. O deputado Cezinha de Madureira (PSD-SP) representou Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados.
O ministro Juscelino Filho ressaltou a importância da AIR para o mundo e citou o que sua pasta vem fazendo, como estabelecer as diretrizes da TV 3.0. Ele defendeu ainda a criação de um ambiente mais simétrico com as mídias digitais e ressaltou que a radiodifusão “é que entrega informação com credibilidade.”
Já Castro citou a importância de o Palácio das Laranjeiras sediar a posse de Tonet:
— Só através do trabalho da imprensa livre e com liberdade de fazer a crítica é que vamos fazer uma sociedade mais justa.
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