Economia

Air France compra fatia da aérea escandinava SAS, cujas ações desabam 95%

Para escapar da falência, empresa vendeu seu controle para rival e para fundo americano. TAP também está na mira dos franceses

Agência O Globo - GLOBO 04/10/2023
Air France compra fatia da aérea escandinava SAS, cujas ações desabam 95%
Foto: REUTERS/Arnd Wiegmann/Direitos Reservados Fonte: Agência Brasil

As ações da SAS, companhia aérea escandinava que estava em processo de falência, operam em queda de até 95% na Bolsa de Valores de Estocolmo na manhã desta quarta-feira após a empresa ter anunciado, na véspera, uma troca no seu controle.

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A Air France e o fundo americano Castlelake passarão a deter, respectivamente, 20% e 32% da empresa. O governo dinamarquês ficará com 26% da SAS e outro fundo, o Lind Invest, com 8,6%. A fatia restante das ações será dividia entre credores da empresa.

Com a reestruturação, as ações da empresa deixaram de ser listadas em Bolsa - e isso explica a queda tão forte dos papéis no pregão desta quarta-feira.

O plano de reestruturação envolve levantar US$ 1,18 bilhão em investimentos, e a Air France e o Castlelake vão desembolsar US$ 144,5 milhões para apoiar essa captação de recursos.

Como parte do acordo, a SAS vai sair do programa de fidelidade Star Alliance, da Lufthansa, e deve migrar para o SkyTeam, da Air France.

A compra de uma fatia da SAS vai fortalecer a posição da Air France nos países nórdicos, que são um mercado importante, com muitos viajantes frequentes, e não deve afetar os planos da francesa de fazer uma proposta pela TAP, cujo processo de privatização pelo governo português foi iniciado semana passada.

"A proposta confirma a ambição da Air France-KLM de ter um papel importante na bem-vinda consolidação na Europa", disse a empresa em nota enviada à agência Bloomberg. A aliança com a SAS "não terá impacto no forte interesse do grupo na TAP e na sua capacidade de participar do processo de privatização (da aérea portuguesa").

Brasil é vitrine para TAP

O desfecho da crise na SAS - que entrou com pedido de falência nos EUA em julho do ano passado, na esteira de uma crise desencadeada por altos custos e queda na demanda durante a pandemia - reforça o cenário de consolidação entre aéreas europeias.

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São hoje três grandes grupos na Europa. A Air France já era sócia das holandesas KLM e Transavia (de baixo custo) e, agora, mira também em comprar a portuguesa TAP.

The deal promises to further the post-Covid consolidation of Europe’s aviation industry around Air France-KLM and two other major carrier groups, Deutsche Lufthansa AG and IAG SA. IAG is taking over Spain’s Air Europa, while Lufthansa has agreed to buy part of Italy’s state-owned ITA Airways, the successor to Alitalia.

O grupo IAG reúne a britânica British Airways, a espanhola Iberia, além de Aer Lingus, Level e Vueling, e também pode fazer uma oferta pela TAP. O IAG está comprando também a Air Europa.

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O terceiro grande grupo europeu é capitaneado pela alemã Lufthansa, dona também de Eurowings, Swiss, Austrian e Brussels. A Lufthansa vai comprar ainda parte da ITA Airways (ex-Alitalia, que está sendo privatizada) e também tem no radar a TAP.

O interesse pela TAP vem principalmente de sua conectividade com o Brasil, em rotas lucrativas para o mercado europeu.

Mercado americano

Nos EUA, o mercado agora é organizado em torno de quatro grandes grupos: American Airlines, Southwest Airlines, Delta e United Airlines.

No segmento de baixo custo, a JetBlue Airways ofereceu $3.8 billion para comprar a Spirit Airlines, em operação que pode criar o quinta maior companhia europeia em tráfego doméstico.

Conexão com países nórdicos

A SAS foi fundada em 1946 por meio da fusão de três companhias aéreas da Suécia, Noruega e Dinamarca, e nas décadas seguintes desempenhou um papel fundamental na conexão da região com o resto do mundo.

Antes da reestruturação societária, os governos da Dinamarca e da Suécia detinham cada um 21,8% da SAS. A Suécia havia indicado que aceitaria a conversão da dívida que lhe era devida em ações, mas não participaria de uma nova injeção de recursos na empresa.

O governo da Noruega também afirmou que não contribuiria com novo capital após vender sua última participação na empresa em 2018.