Economia
Sindicato amplia greve histórica nos EUA contra GM e Stellantis; Ford é poupada
Paralisação nas 'gigantes de Detroit' já dura uma semana. Trabalhadores pedem melhores salários e garantias na transição para veículos elétricos
A General Motors e a Stellantis enfrentam paralisações em mais 38 fábricas, já que as negociações com o United Auto Workers (UAW), sindicato que representa seus trabalhadores, não conseguiram avançar. Já a Ford Motor foi poupada da escalada da greve depois de fazer progressos nas negociações. A greve nas "gigantes de Detroit" já dura uma semana.
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O UAW tem como alvo todas as fábricas de peças da GM e da Stellantis, disse o presidente do sindicato, Shawn Fain, em uma reunião ao vivo no Facebook nesta sexta-feira. As paralisações adicionais foram projetadas para aumentar a pressão sobre as empresas nas negociações sobre um novo contrato de trabalho.
Com isso, são mais 5.600 trabalhadores a cruzarem os braços, somando-se aos 13 mil sindicalizados que fazem piquetes nas três fábricas em Michigan, Ohio e Missouri. O UAW mantém a paralisação na unidade da Ford em Michigan que fabrica SUVs, mas não vai ampliá-la.
- Fecharemos a distribuição de peças até que essas duas empresas tomem juízo e apresentem uma oferta séria. A Stellantis e a GM, em particular, precisarão de muita pressão - reforçou Fain.
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A GM e a Stellantis, enquanto isso, questionaram o interesse do sindicato em chegar a uma solução rápida. Mas prometeram continuar negociando.
“A escalada da greve é desnecessária”, afirmou a GM em nota. “Temos planos de contingência para vários cenários e estamos preparados para fazer o melhor para nosso negócio, nossos consumidores e nossas concessionárias.”
A investida do UAW nas fábricas de autopeças deve impactar proprietários de veículos e oficinas que precisam de peças de reposição. Fain, que convidou o presidente Joe Biden a visitar os grevistas, citou pesquisas mostrando que o apoio popular ao movimento é alto. Esse apoio, no entanto, pode ser testado se a falta de peças tirar os carros da rua.
Greve de uma semana
O sindicato convocou a greve há uma semana em uma fábrica da GM no Missouri, que monta as picapes Chevrolet Colorado; em uma instalação da Stellantis em Ohio, que constrói os utilitários esportivos Jeep Wrangler; e em uma unidade da Ford em Michigan, que fabrica o SUV Bronco. É a primeira greve simultânea da História dos Estados Unidos
Segundo Fain, a paralisação na Ford não será ampliada porque as negociações com a montadora registraram "algum progresso real". Ele aplaudiu a montadora por restabelecer oficialmente um subsídio de custo de vida suspenso em 2009.
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A Ford concordou em elevar os salários na fábrica de autopeças, dando equiparação aos trabalhadores da linha de montagem dos veículos. Além disso, os trabalhadores temporários passarão a ter o mesmo status dos fixos e direito à participação nos lucros depois de 90 dias.
Embora os custos trabalhistas da Ford sejam superiores aos de GM e Stellantis em cerca de US$ 1 bilhão, por ter mais trabalhadores nos EUA, os temporários representam apenas entre 2% e 3% de sua força de trabalho, o que torna mais fácil convertê-los para fixos. A percentagem de temporários na GM e na Stellantis é mais que o dobro da Ford.
A montadora comemorou a demonstração de paz da liderança do sindicato, mas observou que há mais questões a serem resolvidas antes de fechar um acordo.
“Embora estejamos fazendo progressos em algumas áreas, ainda temos lacunas significativas a serem resolvidas nas principais questões econômicas”, afirmou a empresa em comunicado. “As questões estão interligadas e devem funcionar dentro de um acordo global que apoie o nosso sucesso mútuo.”
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Para GM e Stellantis, as notícias foram menos encorajadoras. As 38 instalações de peças representam todos os centros de distribuição de peças dessas duas empresas nos EUA.
“A greve nas fábricas de peças pode forçar os revendedores a ficarem sem peças imediatamente, uma vez que problemas na cadeia de fornecimento já colocaram muitos componentes em espera”, disse Sam Fiorani, vice-presidente de previsão da AutoForecast Solutions.
As instalações adicionais da GM e Stellantis estavam sujeitas a uma paralisação a partir do meio-dia (hora local) desta sexta-feira, acrescentou Fain. Na semana passada, por causa da greve, a GM chegou a cogitar fechar uma fabrica em Kansas por falta de peças.
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