Economia

Disney vai investir US$ 60 bilhões em seus parques e cruzeiros

Grupo não planeja construir parques em novos países ou cidades, mas se concentrará no desenvolvimento de novos portos para os navios da Disney Cruise Line

Agência O Globo - EXTRA 20/09/2023

Em agosto, quando Robert Iger, CEO da Disney, destacou a divisão de parques como "um importante motor de crescimento" em uma teleconferência relacionada a lucros, Wall Street franziu a testa.

Canais do EXTRA no WhatsApp: Assine o canal Emprego e Concursos e receba as principais notícias do dia

Esta semana, a Disney ofereceu uma imagem mais clara da oportunidade que vê, que só pode ser descrita como colossal: a empresa divulgou em um documento de segurança que planejava gastar cerca de US$ 60 bilhões na próxima década para expandir seus parques nacionais e internacionais e dar continuidade à Disney Cruise Line.

Esse valor é o dobro do que a Disney gastou em parques e na linha de cruzeiros na última década, que foi um período de grande aumento de investimentos.

Na última década, a Disney inaugurou o Shanghai Disney Resort, mais do que dobrou a capacidade de suas linhas de cruzeiro e acrescentou atrações baseadas em propriedades intelectuais como "Guerra nas Estrelas", "Guardiões da Galáxia", "Tron", Homem-Aranha", "Avatar" e "Toy Story" em seus parques nacionais.

Também investiu dinheiro em seus parques de Paris e Hong Kong, com expansões temáticas ligadas a "Frozen" e outros filmes do grupo programados para serem inaugurados em breve.

Além disso, mais três transatlânticos estão a caminho, elevando sua frota para oito navios, e está prestes a concluir um novo porto em uma ilha das Bahamas - a Disney já tem um porto em uma ilha particular.

Com a notícia, as ações da Disney caíram 3% na terça-feira para cerca de US$ 82. Os analistas disseram que alguns investidores estavam preocupados com a capacidade da empresa de gerar fluxo de caixa livre em um momento em que seu negócio de televisão - tradicionalmente um grande gerador de caixa - foi prejudicado pelos serviços de streaming.

A Disney já tem um volume considerável de dívidas, em grande parte devido à pandemia. Para preservar o caixa, a empresa suspendeu seus dividendos semestrais aos acionistas em 2020, mas espera-se que retome o pagamento de dividendos ainda este ano.

O grupo está ampliando o investimento após uma série de problemas em quase todas as suas divisões. A televisão a cabo, incluindo a ESPN, tornou-se uma sombra do que era, resultado do corte de assinaturas, da fraqueza da publicidade e do aumento dos custos da programação esportiva.

Fiasco nas bilheterias

E mais: a Disney teve um período decepcionante nas bilheterias, com filmes como "Indiana Jones e a Relíquia do Destino" e "A Mansão Assombrada" vendendo menos ingressos do que o previsto. O serviço de streaming da empresa, o Disney+, continua a perder dinheiro: Iger disse que será lucrativo até o outono de 2024, mas alguns investidores estão céticos.

Em contrapartida, os negócios de parques e cruzeiros têm sido um ponto positivo, sustentando, de muitas maneiras, toda a empresa. No trimestre mais recente, a Disney Parks, Experiences and Products gerou US$ 2,4 bilhões em lucro operacional, um aumento de 11% em relação ao ano anterior. Já a Disney Media and Entertainment Distribution teve um lucro operacional de US$ 1,1 bilhão, uma queda de 18%.

Os gastos por hóspede nos parques da Disney aumentaram 42% desde 2019, em parte devido aos preços mais altos de ingressos, alimentos, mercadorias e quartos de hotel.

Ainda assim, o aumento do investimento em parques temáticos traz um risco maior. É um negócio que sempre será sensível a fatores fora do controle da Disney: oscilações na economia, preços do gás, furacões, terremotos, tensão entre os Estados Unidos e a China.

Josh D'Amaro, presidente da Disney Parks, Experiences and Products, disse que as pessoas que se concentraram nesses riscos ignoraram a resistência dos fãs dos parques temáticos. Ele observou que os clientes voltaram em massa quando os parques da Disney reabriram durante a pandemia.

— Toda vez que houve um momento de crise ou preocupação, conseguimos nos recuperar mais rápido do que qualquer um esperava — acrescentou.

Atrações ainda a serem exploradas

D'Amaro não quis especificar como a empresa planejava gastar os US$ 60 bilhões. Mas deu dicas, observando que filmes da Disney como "Coco", "Zootopia", "Encanto" e outros ainda não foram incorporados aos parques da empresa de forma significativa.

- Imagine dar vida a Wakanda — disse ele, referindo-se ao reino fictício de "Pantera Negra": — Em termos de trazer a mais recente propriedade intelectual da Disney-Marvel-Pixar para os parques, chegamos apenas superficialmente. E aprendemos que incorporar a propriedade intelectual da Disney aumenta significativamente o retorno sobre o investimento.

Novos portos para navios do Cruise Line

No momento, a Disney não planeja construir parques em novos países ou cidades - no passado, a empresa chegou a planejar a construção de um parque na Índia, por exemplo, e uma expansão para além de Hong Kong e Xangai, na China. Em vez disso, se concentrará no desenvolvimento de novos portos para seus navios.

A partir de 2025, um novo navio de cruzeiro - o maior da frota da Disney até o momento, com espaço para mais de seis mil hóspedes - será baseado em Cingapura. Os navios da empresa estão cada vez mais temáticos, com personagens e obras de arte de franquias como "Frozen", "Guerra nas Estrelas" e ''Vingadores'', da Marvel, incorporados a restaurantes e áreas de entretenimento.

— É como levar um parque temático para uma nova parte do mundo — acrescentou D'Amaro sobre a Disney Cruise Line, que recentemente teve 98% de sua capacidade reservada.