Economia
Minoritários entram na Justiça contra a Oi e questionam o segundo pedido de recuperação judicial
Grupo quer apurar se empresa sabia de sua situação financeira quando emitiu comunicado assegurando estabilidade nos negócios em agosto de 2022, pouco antes da nova solicitação
O Instituto Empresa, associação que reúne mais de 200 acionistas minoritários da Oi, protocolou uma ação contra a companhia e a Licks Contadores, para apurar quais registros de contabilidade levaram a empresa a sair e entrar novamente em recuperação judicial, em um curto intervalo de tempo. Procuradas, a Oi disse que não comentaria o assunto, enquanto a Licks não retornou até o fechamento do texto.
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Em agosto de 2022, a Oi, assegurada pela auditoria feita pela Licks, afirmou que teria saúde financeira pelos próximos três anos, o que motivou sua saída do processo de recuperação judicial em 16 de dezembro daquele ano.
Pouco tempo depois, no entanto, em fevereiro de 2023, a tele protocolou novamente um pedido de recuperação judicial, que foi acatado pela Justiça no mês seguinte.
Na petição da nova recuperação judicial, a operadora disse ter uma dívida de R$ 43,7 bilhões, sendo a maior parte de créditos sem garantia.
A Oi também informou que perdeu mensalmente 4% de sua base de clientes de telefonia fixa entre 2020 e 2022, mais do que o previsto. Na época, a empresa dizia ter 1,9 milhão de usuários, ante 7,3 milhões em 2020.
“Com informações e avaliações técnicas que indicavam a estabilidade financeira da companhia até pelo menos 2025, a empresa apresentou um panorama otimista tanto para seus acionistas quanto para o mercado em geral. Essa postura estimulou a permanência dos investidores, além de incentivar novos investimentos e aumentos de posições investidas”, afirma o Instituto Empresa no processo.
Em conversa com jornalistas nesta quarta, o presidente da entidade, Eduardo Silva, diz que é necessário apurar se houve algum acontecimento “extraordinário” nesse curto intervalo de tempo.
— Talvez tenha (acontecido). Mas, se não houve, então, no mínimo houve um erro de informação. Um erro de informação de boa-fé, mas gravíssimo — disse Silva.
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Ainda segundo o Instituto, a demanda segue outras medidas já encaminhadas na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), no Ministério Público Federal e no Conselho Regional de Contabilidade do Rio de Janeiro.
Adilson Bolico, sócio do Mortari Bolico Advogados, que representa o grupo, afirma que a ideia da ação é ter mais detalhes sobre quais foram os acordos firmados entre a Licks e a Oi para o processo de auditoria da empresa.
— O que a gente não sabe é que elementos foram utilizados pela Licks, pela auditoria, e em que contexto a Oi contratou a Licks, quais foram as condições e o que se desenrolou na tratativa entre eles. Em que momento foi apresentado o laudo lá no processo da primeira recuperação, em que momento isso se deu e qual foi a instrução que a companhia deu para a Licks, qual foi o respaldo que ela recebeu da própria auditoria — diz o advogado.
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