Economia

Mesmo com aprovação de teto de 100%, bancos dizem que continuam buscando opções para baixar juro do rotativo

Câmara aprovou texto, mas esse limite só valerá se não forem apresentadas outras alternativas de redução em 90 dias

Agência O Globo - GLOBO 06/09/2023
Mesmo com aprovação de teto de 100%, bancos dizem que continuam buscando opções para baixar juro do rotativo
Juros - Foto: Marcello Casal jr/Agência Brasil

Mesmo com a aprovação do teto de juros para o rotativo do cartão de crédito na Câmara dos Deputados, os bancos acreditam que algum tipo de solução para reduzir a taxa, atualmente em 445% ao ano, será encontrada em 90 dias pelo grupo de trabalho formado pelas instituições financeira, representantes dos adquirentes (maquininhas), varejo, Ministério da Fazenda e Banco Central. Nota da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) informa que as discussões para encontrar alternativas continuam.

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"Apesar de o tema ser muito complexo, estamos confiantes de que, nesse prazo de 90 dias, a indústria de cartões, juntamente com o governo e o regulador, terá sucesso em promover evoluções materiais no cartão de crédito", informou a entidade, reafirmando que a Febraban continuará envolvida nos debates com o Congresso e o governo.

O texto aprovado pelos deputados afirma que o máximo que pode ser cobrado pelos bancos no cartão é o dobro da dívida inicial — ou seja 100%. Mas esse limite só valerá caso o grupo de trabalho não apresente uma proposta em até 90 dias da publicação da lei.

Alerta de redução de crédito

Os bancos, entretanto, alertam que a adoção de limites oficiais de preços de qualquer espécie causa preocupação.

"Limites artificiais de juros impactam na oferta de crédito, pois carregam o risco de torná-lo não sustentável. No caso do cartão de crédito, produto que responde por 40% de todo o consumo no Brasil e 21% do PIB, tetos para os juros no rotativo podem tornar uma parcela relevante dos cartões de crédito inviáveis economicamente, afetando a disponibilidade de crédito na economia", alerta a entidade.

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A nota da Febraban, entretanto, reconhece o esforço do relator, deputado Alencar Santana Braga(PT/SP), em conceder prazo de 90 dias para que haja discussão técnica, envolvendo a indústria de cartões, o Conselho Monetário Nacional e o Banco Central.

Os bancos defendem que o risco de crédito, atualmente assumido pelos bancos, seja diluído entre todos os elos da cadeia e elimine os subsídios cruzados, numa transição sem rupturas do produto do cartão de crédito e de como ele se financia.

Em nota divulgada esta semana, a Febraban acusou as "maquininhas independentes", conhecidos por adquirentes que não são ligadas a instituições financeiras, de se apropriarem da receita de juros dessa cadeia, sem correr qualquer risco de crédito, além de não alocarem capital e induzindo o consumidor a endividamentos "que se eternizam".

Maquininhas aprovam teto

Já a Associação Brasileira de Internet(Abranet), que representa parte das empresas de maquininhas, manifestou em nota satisfação pela acertada aprovação de um teto para os juros do rotativo.

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Segundo a empresa, ao não alterar as regras do modelo de pagamento parcelado sem juros, o relator do projeto de lei, as lideranças parlamentares e a grande maioria dos deputados demonstraram compreender a relevância desse modelo para os consumidores, para os lojistas e para a economia brasileira.

"A Abranet acompanhará os próximos passos da tramitação, na certeza de que serão assegurados, também no Senado, os direitos do consumidor e do seu poder de compra", informou a entidade em nota.