Economia

Ranking da Forbes: mesmo com crise da Americanas, patrimônio de Lemann, Telles e Sicupira cresceu mais de R$ 6 bilhões

Trio de principais acionistas da empresa ocupa terceira, quarta e quinta colocações entre as pessoas mais ricas do país, de acordo com lista de 2023 da revista

Agência O Globo - GLOBO 01/09/2023
Ranking da Forbes: mesmo com crise da Americanas, patrimônio de Lemann, Telles e Sicupira cresceu mais de R$ 6 bilhões
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

A Forbes Brasil divulgou nesta quinta-feira o ranking dos maiores bilionários brasileiros em 2023. A primeira colocação ficou com o clã de Vicky Safra, viúva de Joseph Safra, que desbancou o líder da lista de 2022, o empresário Jorge Paulo Lemann — ele hoje ocupa a terceira colocação, atrás também do cofundador do Facebook, Eduardo Saverin.

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A crise da Americanas, que compõem o portfólio de Lemann, não afetou o patrimônio do empresário, apesar da dívida declarada em mais de R$ 40 bilhões e do pedido de recuperação judicial da empresa. Segundo a Forbes, isso se deveu ao bom desempenho de outros negócios dele. Em um ano, a fortuna do clã subiu quase R$ 3 bilhões — de R$ 72 bilhões, em 2022, a R$ 74,9 bilhões.

Lemann é o principal acionista da Americanas, ao lado dos sócios Marcel Telles e Carlos Sicupira. Juntos, suas fortunas cresceram mais de R$ 6 bilhões do ano passado para cá.

Quarto colocado na lista deste ano, Marcel Herrmann Telles é sócio de Lemann na 3G Capital e em outros empreendimentos. Por meio da Innova Capital, o empresário também é acionista da ClearSale, que fez o IPO (abriu o capital) em julho de 2021. Ele é dono de cerca de 9% da companhia, segundo a Forbes. Em 2022, a fortuna dele era estimada em R$ 48 bilhões. Em 2023, em R$ 50,4 bilhões.

Já Carlos Alberto da Veiga Sicupira ocupa a quinta colocação do ranking da Forbes Brasil de 2023. Ele também é sócio da 3G Capital e, inclusive, presidiu o conselho de administração da Americanas. De acordo com a Forbes, ele perdeu dinheiro em outros investimentos, mas sua participação na AB Inbev manteve seu patrimônio no patamar multibilionário. Em 2022, a fortuna era de R$ 39,85 bilhões; já em 2023, é estimada em R$ 41,3 bilhões.

Crise na Americanas

Os principais acionistas da Americanas , os bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Sicupira, concordaram provisoriamente em não vender ações da empresa por três anos. A decisão faz parte de um plano de reestruturação, disseram pessoas familiarizadas com o assunto à Bloomberg, em junho passado.

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O período exato de bloqueio ainda estava em discussão, na época. Os credores exigiam que ele durasse até 2027, como garantia de que os acionistas vão continuar ajudando a recuperar a empresa, revelaram fontes. Procurados, na ocasião, Lemann, Telles e Sicupira não quiseram comentar.

A Americanas divulgou, em janeiro, um rombo contábil de R$ 20 bilhões que dobrou sua dívida. A revelação provocou uma corrida dos credores para exigir pagamento antecipado e levou a empresa a um pedido de recuperação judicial.

Pelo plano, o trio injetaria R$ 10 bilhões e consideraria mais um aporte de R$ 2 bilhões em duas parcelas — uma em 2026 e outra em 2027 —, dependendo da situação financeira da companhia.

Lemann, Telles e Sicupira detêm em conjunto cerca de 30% da Americanas. A injeção de dinheiro por meio de aumento de capital aumentaria a sua participação, dependendo do interesse de outros acionistas na oferta pública.

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Segundo as fontes, os bancos também passariam a ter ações na varejista, já que estão dispostos a aceitar uma troca de dívida por papéis da empresa. Esses credores também teriam que cumprir um período de bloqueio de vendas de pelo menos parte de sua participação na Americanas.

O plano também incluiria uma cláusula que impede as partes de processarem umas às outras. Entretanto, o direito de processar o responsável por uma fraude comprovada permaneceria no plano, disse uma fonte. Um acordo final é esperado nas próximas semanas.

“A Americanas continua comprometida com seus credores para construir um consenso sobre o plano de recuperação judicial, ainda sujeito a revisões e ajustes. A companhia busca um plano que reflita visões compartilhadas e atenda seus stakeholders", disse a empresa em nota, na ocasião.