Economia
PIB perde fôlego e cresce 0,9% no 2º trimestre, diz IBGE
Resultado foi puxado por serviços e indústria. Agropecuária foi o único setor que caiu, após alta recorde nos três primeiros meses do ano. Desempenho da economia veio acima das projeções
Após o forte crescimento no início do ano, a economia brasileira freou e reduziu o ritmo no segundo trimestre. O Produto Interno Bruto (PIB, valor de todos os bens e serviços produzidos no país) cresceu 0,9% ante o primeiro trimestre, abaixo do avanço do 1,8% registrado nos três primeiros meses do ano. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira pelo IBGE.
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A freada já era esperada, mas o resultado veio acima das projeções. Pesquisa do jornal Valor sobre as previsões de analistas de instituições financeiras e consultorias apontava para um crescimento de 0,3% sobre o primeiro.
Principais destaques do PIB
Agropecuária: -0,9%
Indústria: 0,9
Serviços: 0,6%
Consumo das famílias: 0,9%
Consumo do governo: 0,7%
Investimentos: 0,1%
Exportações: 2,9%
Importação: -4,5%
Serviços crescem com demanda por seguros
Diferentemente do início do ano, quando um salto no PIB da agropecuária de 21%, o avanço da economia entre abril e junho foi puxado pelo bom desempenho da indústria (0,9%) e dos serviços (0,6%).
Como as atividades de serviços respondem por cerca de 70% da economia do país, o resultado do setor influencia ainda mais a expansão do PIB, que atingiu o maior patamar da série histórica.
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“O que puxou esse resultado dentro do setor de serviços foram os serviços financeiros, especialmente os seguros, como os de vida, de automóveis, de patrimônio e de risco financeiro", explica a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.
O setor de serviços está há 12 trimestres sem variações negativas e também se encontra no ponto mais alto da sua série.
Petróleo e minério puxam resultado da indústria
A indústria ficou no campo positivo pelo segundo trimestre seguido, após leve recuo de 0,2% nos últimos três meses do ano passado.
A expansão do segundo trimestre foi impulsionada pela indústria extrativa (1,8%) e da construção (0,7%). Na primeira, os destaques foram a extração de petróleo e gás e a de minério de ferro, produtos relacionados à exportação.
A agropecuária foi o único dos três grandes setores da economia a cair (-0,9%). A queda já era esperada, por causa do forte salto do início do ano. E porque a colheita da soja, cuja produção recorde é o carro-chefe da supersafra de grãos deste ano, se concentra mais pelo primeiro do que no segundo trimestre, diz um relatório do Itaú Unibanco, divulgado antes dos dados desta sexta-feira.
"Se olhamos o indicador interanual, vemos que a agropecuária é a atividade que mais cresce. O resultado é menor porque é comparado ao trimestre anterior, que teve um aumento expressivo. Isso aconteceu porque 60% da produção da soja é concentrada no primeiro trimestre”, analisa Rebeca.
Melhora no mercado de trabalho impulsiona consumo
O consumo das famílias avançou 0,9% no segundo trimestre. É a maior alta desde o mesmo período do ano passado (1,6%). Entre outras razões, o IBGE atribui o avanço à melhora no mercado de trabalho - em julho, a taxa de desemprego recuou para o menor nível para o período desde 2014.
Também destaca o crescimento do crédito e medidas como redução de preços de automóveis. Mesmo com os juros elevados, houve crescimento nominal de 12,7% do saldo de operações de crédito do sistema financeiro para as pessoas físicas, informou o instituto.
Rebeca alerta, porém, que os juros seguem altos, o que dificulta o consumo de bens duráveis.
"As famílias seguem endividadas porque, apesar do programa de renegociação de dívidas, elas levam um tempo para se recuperar”, diz a economista.
O IBGE cita ainda a forte desaceleração da inflação, na comparação do segundo trimestre com igual período de 2022.
Reajustes nos programas de transferência de renda, especialmente o Bolsa Família, e reajuste do salário mínimo a partir de maio, também contribuíram para a expansão do consumo, segundo especialistas.
Também frente ao trimestre anterior, o consumo do governo cresceu 0,7%, quarto resultado positivo seguido.
Taxa de investimento e de poupança recuam
Os investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo) ficaram estáveis (+ 0,1%).
A taxa de investimento foi de 17,2% do PIB, inferior à do mesmo período de 2022 (18,3%). Esse indicador representa a parcela de investimentos em relação ao PIB.
De acordo com Rebeca, o resultado é ligado à queda da produção interna de bens de capital, como máquinas e equipamentos.
A taxa de poupança também caiu: passou de 18,4%, no segundo trimestre do ano passado, para 16,9% no mesmo período deste ano.
“Esse resultado era esperado e já acontece desde o primeiro trimestre. Durante a pandemia, houve aumento porque as famílias de maior renda, por não poderem consumir certos serviços, pouparam esse dinheiro excedente. Com a normalização da demanda e oferta dos serviços, a taxa de poupança caiu”, explica Rebeca.
No setor externo, houve crescimento tanto nas exportações de bens e serviços (2,9%) quanto nas importações (4,5%) frente ao primeiro trimestre deste ano.
Perspectivas para o ano
Apesar da desaceleração, a expectativa para avanço do PIB no ano foi revista para cima na última segunda-feira. Segundo o Boletim Focus, divulgado pelo Banco Central e que reúne previsões de analistas, a projeção de crescimento para a economia brasileira subiu de 2,29% para 2,31%.
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