Economia

Governo tem carta na manga de R$ 70 bi para atingir o déficit zero em 2024

Valor está fora da proposta orçamentária e deve ajudar na meta, disse o secretário do Tesouro

Agência O Globo - GLOBO 31/08/2023
Governo tem carta na manga de R$ 70 bi para atingir o déficit zero em 2024
Secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, - Foto: Reprodução

O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, afirmou na noite desta quinta-feira que o governo conta com algumas cartas na manga para garantir a meta de déficit zero em 2024, ao apresentar o Orçamento do ano que vem.

Orçamento de 2024: sem reajuste da tabela do Imposto de Renda. Aumento do Bolsa Família também fica de fora

Medidas: Orçamento de 2024 prevê salário mínimo de R$ 1.421 e déficit fiscal zero

São pelo menos R$ 71 bilhões que dão alguma margem para o governo trabalhar com eventuais frustrações nos planos atuais de crescer as receitas, de acordo com o governo.

Desse montante, Ceron considerou R$ 22 bilhões o empoçamento histórico médio do orçamento federal. Empoçamento é o nome que os técnicos do governo dão para quando há despesas autorizadas, mas elas não são executadas. Isso ocorre principalmente com investimentos, que dependem de contratos e licitações.

Orçamento: despesas vão crescer 1,7% acima da inflação em 2024, no primeiro ano do arcabouço fiscal

— A peça que está lá prevê 100% de execução da despesa, o que tradicionalmente não ocorre — disse o secretário.

Outra fatia, de R$ 20 bilhões, considera medidas não contabilizadas, mas que deverão aumentar a arrecadação do governo em 2024, como o projeto já sancionado que muda as regras de fixação do preço de transferência.

Isso está sob regulamentação da Receita Federal e trata principalmente da forma como cobrar o Imposto de Renda sobre exportações de commodities como petróleo e mineração.

Orçamento: Integração e Cidades perdem recursos, Educação e Transportes são turbinados; veja mudanças

Além desses dois pontos, Ceron citou os R$ 29 bilhões possibilitados pela banda da meta do primário definida no novo arcabouço fiscal, de 0,25 ponto percentuais.

— É comum se ouvir, ”ah, não vai ser a meta?” Com mais R$ 70 bilhões, tudo mais constante, tem esse adicional que precisa ser relembrado sempre — afirmou.

O secretário ainda afirmou que a Fazenda já começou a construir outras fontes de receitas que não estão na proposta orçamentária apresentada nesta quinta.

O governo pretende discutir a alienação de recebíveis da dívida ativa (é uma forma de antecipar receitas da dívida da União). Também há a possibilidade de antecipar parte dos recebíveis da PPSA, a estatal que vende o petróleo que cabe à União nos contratos de partilha do pré-sal.

A Fazenda conta com R$ 168 bilhões eu aumento de receitas para garantir o déficit zero. Isso é decorrente de novas medidas, grande parte delas que ainda precisam passar pelo Congresso.