Economia

‘A cozinha não pode ser o lugar feio da casa’, diz CEO da empresa que tem as marcas Atlas e Dako

Márcio Veiga afirma que percepção do consumidor mudou, e ele busca aparelhos mais modernos de cocção, mas que caibam no orçamento. Empresa está de olho no segmento de air fryer e de aparelhos conectados

Agência O Globo - GLOBO 28/08/2023
 ‘A cozinha não pode ser o lugar feio da casa’, diz CEO da  empresa que tem as marcas Atlas e Dako
Foto: Instagram - @atlaseletrodomesticos

O consumidor quer fazer da cozinha um ambiente integrado com a sala de jantar e de estar, mas o orçamento está apertado e a troca de produtos já foi feita na pandemia. A saída, na avaliação do CEO da Atlas Eletrodomésticos, Márcio Veiga, é investir em produto, com diversificação e novidades para atrair o público.

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A empresa, que atua na área de fogões desde 1950, e que conta com as marcas Atlas e Dako, não descarta ingressar no segmento de air fryer, utensílio que se tornou mais popular nos lares brasileiros nos últimos anos. E está de olho também na produção de eletrodomésticos conectados.

Quem é o público que compra os produtos da Atlas?

Os produtos da Atlas são direcionados a um público mais popular, como as classes C e D. E os itens Dako a gente vem posicionando para um público de classes B e A. Com as duas marcas, temos produtos populares e premium, que concorrem com marcas como Electrolux e Brastemp no segmento de fogões. Temos produtos de R$ 600 a R$ 4 mil.

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A empresa acaba de fazer lançamentos em fogões e depuradores neste ano. O que motivou a diversificação?

A história da empresa começou em 1950. Após a aquisição da marca Dako, em 2017, definimos o objetivo de ampliar o mix de produtos de cocção. Fomos para cooktops de indução, fornos embutidos, fornos de bancada e coifas. Já me perguntaram por que investir em produto em um ano que não está tão bom assim. Mas essa é a hora de diversificar e trazer novidades ao público.

Avaliam entrar em outros produtos, como a air fryer?

Não posso negar que estamos olhando para esse segmento. É um mercado diferente, com competitividade muito maior, mas entendemos que tem espaço nesse e em outros segmentos da linha de cocção e certamente em breve teremos novidades.

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A empresa vem investindo em produtos conectados com o avanço da inteligência artificial?

Ano passado, lançamos a primeira linha de produtos conectados com a Alexa (assistente de inteligência artificial da Amazon), comandando as coifas, o forno e o fogão. Temos algumas patentes relacionadas a isso. Em breve, teremos novidades. Mas tem questões de segurança. Não posso ligar o fogão à distância. Mas você pode atender o interfone e ter uma câmera na qual vê quem está na recepção na sua coifa. A câmera pode ajudar nas receitas de preparo. Ter tecnologia por trás para te ajudar facilita. No site, haverá experiência de realidade aumentada para escolher o produto.

A compra do fogão deixou de ser apenas uma questão utilitária? Virou também elemento que compõe a decoração do ambiente?

A cozinha sempre foi muito utilizada, mas agora ela compõe um ambiente único com a sala de estar e com a sala de jantar. Não pode ser o lugar feio da casa. A gente percebe a mudança. Houve muito investimento durante a pandemia. Tanto que houve uma demanda gigantesca nesse período por produtos que estão se modernizando. A Atlas lançou lá atrás fogão de piso com mesa de vidro e hoje isso representa de 48% a 50% dos produtos vendidos no mercado. Há modernização na cozinha e uma mudança no consumidor, que quer algo mais bonito para esse ambiente.

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Como foi o desempenho do mercado no primeiro semestre?

Houve queda de 11,5% no mercado de fogões. Ano passado já foi difícil, e esse primeiro semestre foi mais complicado. Conseguimos ter uma queda menor, de 1,5%. Então ganhamos participação de mercado, mas tem fatores que influenciam: renda, emprego, taxa de juros elevada. Na ponta, a substituição do produto se torna um pouco mais desafiadora para o consumidor. Até porque na pandemia houve substituição maior de produtos. E ninguém troca de fogão a cada dois anos.

Como tem sido o desempenho da venda on-line no segmento?

Na pandemia, o on-line vendeu muito. Mas o comportamento vem mudando. A participação do modelo tradicional de venda voltou a crescer. Nesse semestre, já voltou a 68% no presencial ante 32% no digital. Antes, estava em 50%. A pesquisa on-line continua forte. E mudamos nossa estratégia: comunicamos melhor no on-line, nosso site foi remodelado. O consumidor pode não comprar no on-line, mas vai comparar preços e pegar informações. Recebemos cerca de 120 mil visitas por mês.