Ivan Barros, o campeão da vida
Há homens que passam pela vida como quem escreve um parágrafo — breves, discretos, passageiros.
E há outros que a atravessam como quem escreve um livro inteiro, cheio de capítulos intensos, de desafios, de glórias e de páginas que o tempo jamais será capaz de apagar.
Meu pai, Ivan Barros, pertence a esse segundo tipo.
Campeão.
Essa palavra o acompanha como uma estrela fixa no céu da sua história — e não por acaso.
Campeão nas urnas.
Campeão nas letras.
Campeão na vida.
Em 1966, quando a política de Palmeira dos Índios ainda se fazia nas calçadas, entre cafés e compromissos de palavra, e votar era um gesto de coragem, ele escreveu uma das páginas mais bonitas da história política desta terra.
Conquistou mais de 20% dos votos válidos, uma marca até hoje imbatível.
Tamanha era a força da confiança popular que sua própria votação elegeu três outros vereadores, nascidos da sua sobra eleitoral — como se o povo, em gratidão, tivesse depositado nele tamanha fé que precisou se derramar além das urnas.
Foi então apelidado, com justiça e afeto, de “Pelé do voto”.
Mas o poder, quando é limpo, fere; e o talento, quando é autêntico, provoca.
Os pequenos não suportam a grandeza.
E por isso, cassaram-lhe o mandato.
Tentaram calar o vereador que falava pelo povo — mas esqueceram-se de uma coisa essencial: há vozes que nem o medo, nem a ditadura, conseguem silenciar.
Três meses depois, a justiça o restituiu ao cargo, e o povo o reconduziu ao coração.
E foi assim que, em 1970, Palmeira dos Índios o consagrou de vez, elegendo-o com a maior votação proporcional da história do município para deputado estadual, filho legítimo desta terra.
Um homem que não apenas venceu — foi consagrado.
Essa é a história do homem público, mas há também o homem das palavras — o campeão da escrita, aquele que fez da pena o seu estandarte e da verdade o seu ofício.
Ivan Barros foi muito mais que um político: foi um jornalista gigante, um cronista do seu tempo, um intérprete das almas do Brasil.
Escreveu nas páginas da Revista Manchete, do Correio da Manhã, do Luta Democrática — e em tantas outras redações onde deixou sua marca inconfundível de inteligência, elegância e coragem.
Na literatura, foi incansável.
Mais de quarenta livros publicados — um para cada amanhecer de inquietação, um para cada tema que a vida lhe inspirava a compreender e transformar.
Cada obra é um retrato do homem que nunca se acomodou: pensava, questionava, acreditava e, acima de tudo, ensinava.
Formou-se em Direito no Rio de Janeiro, em uma turma de oitocentos bacharéis.
E entre tantos, foi o escolhido para ser orador — aquele que dá voz à esperança.
Entre seus padrinhos, estava Pontes de Miranda, o maior jurista que Alagoas já ofereceu ao Brasil, e um dos poucos capazes de enxergar, naquele jovem Ivan, o brilho precoce da sabedoria verdadeira.
Como Promotor de Justiça por 26 anos, defendeu o Direito com a mesma paixão com que defendia a palavra.
Foi primeiro lugar no concurso público que o levou ao Ministério Público, onde deixou um legado de integridade, firmeza e respeito.
No tribunal e na tribuna, era o mesmo homem: sereno, justo, leal aos princípios que carregava no coração.
Hoje, aos 82 anos, meu pai é a prova viva de que os sonhos não envelhecem.
Continua a escrever, a inspirar e a ensinar — como quem reafirma, todos os dias, que o impossível só é adiado, nunca negado.
Se o lema, “Se você pode sonhar, pode realizar”, não for uma frase de efeito é a tradução exata da sua vida.
Porque meu pai, de fato, sonhou, realizou e venceu.
Ele chegou, viu e venceu —
como o general romano, mas empunhando uma espada de palavras e vestindo uma armadura tecida de fé.
E se há justiça na história — e há — o nome Ivan Barros
permanecerá onde sempre esteve:
entre os que lutaram, escreveram e venceram —
não pela glória, mas pelo exemplo.
Pai, hoje te escrevo não como jornalista, mas como filho.
E como filho, te digo: você me ensinou que o sucesso é consequência, não objetivo.
Que o valor de um homem está em manter-se de pé quando todos esperam que ele se curve — e, se for preciso recuar, que seja apenas para ganhar impulso.
Aprendi contigo que as maiores vitórias da vida não se medem em votos, aplausos ou livros,
mas na coerência entre o que se diz e o que se faz.
E é por isso que o teu legado não cabe em medalhas, nem em títulos, nem em cargos —
ele cabe apenas no coração dos que aprenderam contigo
que a verdadeira vitória é lutar pela vida com dignidade, decência e amor.
Tu és, e sempre serás,
o campeão da nossa história.
Parabéns, meu velho pai!
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