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Meio fora de prumo

Dartagnan Zanela 03/10/2025
Meio fora de prumo
Dartagnan Zanela - Foto: Arquivo

Quando olhamos para o cenário educacional atual, muitos procuram falar da melhora sensível da sua qualidade devido ao aumento no número de instituições de ensino que se fazem presentes. E, de fato, hoje temos mais escolas.


Diante disso, lembramos o ressabiado filósofo alemão Arthur Schopenhauer, que em seu livro “A arte de escrever” nos chama a atenção para o fato de que o número elevado de escolas não é garantia da melhora da educação ofertada às tenras gerações. Às vezes, é um indicador do contrário.


Aliás, basta que matutemos um pouco para verificarmos que simplesmente empilhar alunos em salas não garante uma boa formação, da mesma forma que, como nos lembra a professora Inger Enkvist, obrigá-los a frequentar o espaço escolar sem exigir o esforço indispensável para que eles gradativamente amadureçam com a aquisição de responsabilidades — que é o elemento que caracteriza o ato de aprender — é um equívoco sem par que, em breve, apresentará suas desastrosas consequências. Na real, o banquete com as consequências já está sendo servido.


Subjacente a todo esse quadro está uma concepção antropológica equivocada. Isso mesmo, cara pálida: equivocada.


Toda ação humana com vistas a preparar as tenras gerações para assumirem as rédeas de suas vidas e, necessariamente, do futuro de toda sociedade, parte de uma concepção de ser humano. E é sempre com base numa concepção de humano que se elenca o que deve ser ensinado, como deve sê-lo e, deste modo, define-se a finalidade que se pretende atingir com essa ação.


Detalhe: não nos esqueçamos que a formação de uma criança não se dá, única e exclusivamente, em uma escola. Entendido? Muito bem, voltemos ao entrevero.


Johann Goethe nos ensina que educar é auxiliar um indivíduo, de forma ativa, no processo de formação da sua personalidade, porque educar é, antes de qualquer coisa, um trabalho espiritual, de humanização e, como todo trabalho, este exige um esforço danado para que o sujeito não venha a ter sua personalidade deformada por uma apatia infantilizante.


Para tanto, torna-se imprescindível que todos aqueles que advogam em favor de uma educação de qualidade procurem, com sinceridade, realizar um exame de consciência para identificar as lacunas gestadas pela sua educação mal adquirida e corrigi-las pacientemente, porque, admitamos ou não, somos a janela através da qual os infantes se veem no amanhã.