Arnaldo Santtos / Ascom Samu

Médicos e enfermeiros do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Alagoas concluíram, nessa terça-feira (25), o Curso de Suporte Avançado de Vida no Atendimento Pré-Hospitalar Móvel (APH-Avançado), promovido pelo Núcleo de Educação Permanente (Nep) da Central do Samu, no bairro do Farol, em Maceió.

Ao longo de cinco dias, a formação reuniu aulas teóricas, práticas, estudo dirigido e simulações realistas, com foco em dois temas prioritários: urgências psiquiátricas e emergências cardiológicas.

Dados apresentados durante a capacitação mostram que, apenas no primeiro semestre de 2025, o Samu registrou 1.032 ocorrências relacionadas à saúde mental — 241 tentativas de suicídio e 791 atendimentos psiquiátricos —, um aumento de 20% em relação ao mesmo período de 2024.

Diante desse cenário, o módulo “Urgências Psiquiátricas”, ministrado pelo médico socorrista Raphael Carvalho, pós-graduado em psiquiatria, capacitou os profissionais a identificar sinais de gravidade já no primeiro contato com a Central de Regulação das Urgências (CRU) e na cena do atendimento.

“É fundamental reconhecer quando há risco iminente à integridade do paciente ou da equipe e saber quando acionar apoio externo, como a Polícia Militar ou o Corpo de Bombeiros, mantendo a humanização”, explicou. Carvalho ressaltou ainda a importância da escuta ativa e do suporte clínico, destacando que muitas urgências são silenciosas e exigem acolhimento.

O módulo de emergências cardiológicas, conduzido pelo cardiologista e socorrista Rodrigo Nicácio, abordou a alta letalidade das doenças cardiovasculares, principais causas de morte em adultos acima de 50 anos. Ele chamou atenção para a urgência no atendimento. “Cerca de 50% das mortes por infarto ocorrem na primeira hora após os sintomas, sendo dois terços fora do hospital. Cada minuto sem reperfusão representa perda de 11 dias de vida”.

O especialista enfatizou o uso do eletrocardiograma pré-hospitalar, do protocolo Move e das terapias como angioplastia e trombólise.

A capacitação também contemplou síndromes respiratórias em adultos e crianças, biossegurança nas viaturas e estações práticas com simulações de colisões, quedas, agressões a gestantes e resgates em locais de difícil acesso.

No último dia, os profissionais participaram de uma atividade prática de atendimento a afogamentos na piscina da Associação dos Deficientes Físicos de Alagoas (Adefal), com foco em abordagem, resgate e primeiros socorros.

A coordenadora geral do Samu Alagoas, Beatriz Santana, destacou o impacto da formação. “Este curso é uma qualificação estratégica. Nossos profissionais estão mais preparados para realizar atendimentos rápidos, adequados e humanizados, o que se traduz em mais vidas salvas”, afirmou.

O coordenador do Nep, Luiz Antonio Mansur Branco, reforçou o caráter integrado da capacitação. “Os participantes adquiriram conhecimentos atualizados, técnicas avançadas de suporte à vida e aprimoraram o trabalho em equipe, compreendendo claramente suas responsabilidades nas situações de urgência e emergência”.

O médico socorrista Eduardo Sarmento Ayres de Souza ressaltou a relevância da atualização profissional. “O curso foi essencial para aprimorar técnicas e atualizar protocolos fundamentais ao atendimento pré-hospitalar. A comunidade ganha com equipes mais preparadas e seguras”.

A enfermeira Lidiane Barbosa Teles também avaliou positivamente a formação, destacando sua importância para o atendimento à população.

O secretário de Estado da Saúde, Gustavo Pontes de Miranda, elogiou o empenho contínuo das equipes. “Os profissionais estão sempre buscando se atualizar, o que reflete diretamente na qualidade dos atendimentos de urgência e emergência”.