O Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió, realizou, nesta terça-feira (7), mais uma captação de órgãos para transplantes, resultado do gesto solidário de uma família que autorizou a doação após a constatação da morte encefálica em seu ente querido. 

A ação mobilizou equipes multiprofissionais, contou com o apoio da Central de Transplantes de Alagoas e Organização de Procura de Órgãos (OPO) e resultou na oferta de dois rins para o transplante. 

O doador foi um homem de 55 anos, vítima de um Acidente Vascular Cerebral (AVC) hemorrágico. Mas, a captação só foi realizada após consulta aos familiares, que tiveram a liberdade de definir, ou não, por ajudar as duas pessoas que aguardavam pela oportunidade de viverem com mais qualidade de vida e poderem desempenhar atividades antes impossibilitadas pelo problema de saúde que as acometem. 

“Se eu tivesse morte cerebral e tivesse a oportunidade de salvar a vida de outras pessoas, com certeza eu daria permissão a minha família que assinasse um documento para isso. Então, eu creio que foi por isso que a família do meu cunhado permitiu doar os órgãos dele, porque ele era uma pessoa maravilhosa, de um coração muito generoso, bondoso, trabalhador, honesto, humilde e de caráter”, refletiu a cunhada do doador, Maria Adriana Gomes, de 48 anos. 

Segundo o Ministério da Saúde, um único doador pode salvar até oito vidas com a doação de órgãos e beneficiar muitas outras pessoas com tecidos como córneas e pele. No entanto, milhares de brasileiros ainda esperam por um transplante, e a principal barreira para reduzir essa fila é a falta de autorização familiar para a realização da cirurgia de captação dos órgãos. 

“Cada captação representa não só o trabalho conjunto das equipes médicas e da Central de Transplantes, mas, principalmente, um ato de amor e empatia de famílias que, mesmo em um momento de dor, escolhem transformar a perda em vida para outras pessoas”, destaca Daniela Ramos, coordenadora da Central de Transplantes de Alagoas. 

Mais de 600 pessoas na espera 

Conforme o último levantamento feito pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) no mês de setembro, 606 pessoas estão na lista de espera por um transplante. Deste total, 566 aguardam por uma córnea, 31 por um rim, cinco por um fígado e quatro por um coração. Este ano, no mesmo período, já foram realizados 119 transplantes, sendo 79 de córnea, 20 de rim, 15 de fígado e cinco de coração. 

“Para ser um doador, não é necessário deixar nada por escrito, basta comunicar à família o desejo de doar. A decisão final é sempre da família, e é por isso que conversar sobre o tema é tão importante. Quando a família sabe da vontade do ente querido, o processo é mais tranquilo e a decisão de doar se torna uma forma de homenagear a vida”, reforça o coordenador da OPO, Lucas Santana. 

O HGE mantém equipes treinadas e infraestrutura adequada para identificar potenciais doadores e realizar os procedimentos com segurança, respeito e humanização. Na instituição também são desenvolvidas ações permanentes de conscientização sobre a doação de órgãos. Tanto, que é considerada a unidade que mais contribui com o transplante de órgãos em Alagoas. 

Vale lembrar que o Governo do Estado executa o programa Alagoas Transplanta. Uma Nova Chance de Viver, exclusivo para os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Com ele, os alagoanos que esperam pela doação têm acesso ao atendimento médico completo, ambulatorial, hospitalar e cirúrgico; além de medicamentos, incluindo os imunossupressores, desde o pré-transplante até o pós-transplante.