Alagoas
Imprensa Oficial leva à Bienal 2025 lançamentos que celebram a confluência afro-brasileira

Falta pouco para a 11ª Bienal do Livro de Alagoas. O evento acontece de 31 de outubro a 9 de novembro, no Centro de Convenções de Maceió, e abre espaço para novos escritores nascidos ou radicados em Alagoas apresentarem suas obras. Com o tema “Brasil e África ligados culturalmente nas suas raízes e ritos”, a Bienal valoriza a ancestralidade África-Brasil por meio da música, da culinária, da dança e, principalmente, da literatura.
E a Imprensa Oficial Graciliano Ramos participa da programação com lançamentos que dialogam com essa proposta. Entre eles está “Coleção Perseverança: uma etnografia da mediação no processo de patrimonialização”, de Maicon Marcante, que integra a Coleção Palmar. A obra investiga os caminhos e negociações que transformaram a Coleção Perseverança em patrimônio cultural.
Resultado de sua dissertação de mestrado, o livro analisa o processo que levou ao reconhecimento da coleção como Patrimônio Cultural do Brasil. O acervo reúne mais de 200 objetos sagrados roubados de terreiros durante o episódio de perseguição religiosa conhecido como “Quebra de Xangô”, em 1912, em Maceió. Somente um século depois, em 2012, é que o pedido de tombamento foi oficializado junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

A pesquisa revela os bastidores desse processo, destacando a mediação entre instituição e povos de terreiro e reafirmando a importância da coleção como símbolo de resistência e preservação da memória afro-brasileira. Para Marcante, participar da Bienal com este lançamento amplia ainda mais a relevância de seu trabalho.
“Lançar meu livro na 11ª Bienal do Livro de Alagoas é uma alegria imensa e, sobretudo, uma oportunidade única. Consolidada como o principal evento literário do estado e integrado à agenda nacional, a Bienal compõe uma grande vitrine da produção intelectual, artística e cultural e, além disso, possibilita debates fundamentais na atualidade. Em 2025, a temática sobre as ligações entre o Brasil e o continente africano confere abrangência internacional ao evento e celebra a diversidade de expressões culturais de matriz africana, proporcionando também espaços de debate sobre questões urgentes, como racismo e intolerância religiosa. Portanto, trata-se de uma ocasião especial para o lançamento de um livro cuja discussão central é atravessada pela memória sensível da Quebra de Xangô em Alagoas”, avalia.
O autor também afirma acreditar que a obra pode aproximar o público da história e da memória dos terreiros alagoanos, visto que apresenta o percurso do tombamento da Coleção Perseverança, oficializado em novembro de 2024.

“No livro, o público leitor tem a oportunidade de acompanhar a trajetória desse reconhecimento como Patrimônio Cultural do Brasil que decorreu de um processo mais amplo e ainda em curso. A utilização abundante de documentos, registros fotográficos, relatos de campo e entrevistas com religiosos permite uma imersão nas nuances desse processo, o qual imbrica a musealização dos objetos e as mobilizações do Povo de Santo. Esses temas são abordados e costurados no livro. O fio condutor é o próprio percurso até o tombamento da Coleção Perseverança, um reconhecimento que acredito ser importante não apenas para a biografia dos objetos, mas também para a memória das religiões de matriz africana em Alagoas”, ressalta Maicon.
Marcante ressalta, ainda, que a trajetória da coleção revela muito sobre resistência. “A Coleção Perseverança é o principal documento sobre os terreiros alagoanos no período anterior à Quebra de Xangô. E contamos com um conjunto expressivo de pesquisas que perpassam abordagens etnográficas, históricas, estéticas e religiosas dos objetos. Além disso, há paralelos e semelhanças com outros acervos oriundos de ações repressivas Brasil afora. Nesse contexto, a Perseverança se destaca como uma das principais coleções do gênero em todo o país. Conforme relatado por uma grande liderança religiosa de nosso estado, a Coleção Perseverança é o baluarte das mobilizações do Povo de Santo, na medida em que nos ajuda a relatar a resistência aos ataques de 1912”, emenda o escritor.
*Estagiária sob supervisão.
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