Vida Esportiva
Leão e Oswaldo de Oliveira na contramão: maioria da população aprova estrangeiro na seleção brasileira, diz pesquisa
Chegada de Ancelotti também aumentou confiança dos torcedores numa boa campanha do Brasil na Copa 2026
As declarações de Emerson Leão e de Oswaldo de Oliveira contra a presença de técnicos estrangeiros no Brasil, que geraram um constrangimento a Carlo Ancelotti durante o 2º Fórum Brasileiro dos Treinadores de Futebol, na última terça, não refletem o que pensa a maioria da população. É o que diz uma pesquisa feita pelo Instituto Nexus encomendada pela CBF. Nela, 57% aprovam a contratação de um treinador de outro país para comandar a seleção.
O percentual é maior que o dobro dos que desaprovam: 26%. Já 8% não veem diferença e optaram por responder "tanto faz". Por fim, 9% preferiram não opinar.
No recorte por grupos, a aprovação é maior entre os homens (66%), pessoas de 16 a 24 anos (72%), com Ensino Superior (63%), e de cidades das regiões Norte e Centro-Oeste (68%). Por renda, os maiores índices apareceram tanto entre aqueles que recebem entre dois e cinco salários mínimos quanto entre os que possuem ganhos superiores (ambos com 59%). No sentido contrário, a reprovação aparece maior entre os que têm mais de 60 anos (33%) e os analfabetos/sabem ler e escrever (37%).
A pesquisa não foi realizada após a polêmica da última terça-feira, que levou a Federação Brasileira dos Treinadores de Futebol, organizadora do evento, a se desculpar com CBF e Ancelotti e a repudiar as declarações de Oswaldo de Oliveira. O instituto foi às ruas entre os dias 15 e 24 de agosto e ouviu 2.006 pessoas tanto para saber o nível de aprovação à contratação de um estrangeiro para a seleção quanto para medir impacto da chegada do italiano nas expectativas em relação à Copa.
O "efeito Ancelotti" fica bem claro nas respostas. Sua chegada deixou os brasileiros mais confiantes numa boa performance da Amarelinha em 2026. Para 53%, as chances de título aumentaram -- sendo que, para 29%, elas subiram muito; e para 24%, cresceram pouco. Para 23%, a chegada do técnico pentacampeão da Liga dos Campeões não altera a possibilidade do Brasil ser hexa. Apenas 10% acreditam que ela diminuiu.
Apesar do ciclo marcado por frequentes trocas de treinadores e resultados aquém do esperado em campo, o nível de confiança da população na seleção se mostrou alto. Para 11%, o Brasil é o grande favorito na Copa, que começa daqui a sete meses. Já 32% vê a Amarelinha entre as favoritas. Para 23%, os comandados de Ancelotti serão competitivos, mas não são colocados entre os favoritos. E 22% estão pessimistas. Destes, 9% apostam em uma participação digna, mas sem chance de título. E 9% falaram em decepção.
Os homens estão tanto entre os mais confiantes quanto entre os mais pessimistas. Por faixa etária, a confiança se mostra inversamente proporcional à idade. Os índices também são maiores entre pessoas que moram na Região Sul, os que recebem até um salário mínimo e os que possuem Ensino Fundamental.
- Estamos vendo a seleção brasileira crescendo e se consolidando como uma das forças para a próxima Copa do Mundo. É muito importante esse reconhecimento dos brasileiros. Estamos a menos de um ano da Copa do Mundo e, com essa proximidade, o espírito de torcer pela seleção também cresce - comentou o presidente da CBF Samir Xaud, que prosseguiu:
- O Brasil é o único país que nunca ficou fora de Mundiais, sempre tem desempenhos de destaque e em 2026 não será diferente. E desta vez, com um ingrediente especial: o maior treinador do mundo estará no banco. Particularmente, estou muito otimista de que vamos trazer o hexa.
Por fim, a pesquisa mostra que há margem para Ancelotti se tornar mais conhecido da população, já que 28% afirmaram não saber quem é o técnico da seleção masculina. Ainda assim, quase a metade (48%) escolheram seu nome quando perguntados sobre quem é o atual treinador. Mas nomes de comandantes antigos (Dorival Junior, Tite, Fernando Diniz, Felipão e Mano Menezes) também foram citados.
Leão e Oswaldo de Oliveira constrangem Ancelotti
Ancelotti prestigiou o 2º Fórum Brasileiro dos Treinadores de Futebol, realizado nesta terça-feira, na sede da CBF. O italiano foi homenageado pela organização com uma placa. Mas, em cima do palco ao lado de técnicos em atividade e já aposentados, protagonizou um episódio que repercutiu negativamente. Na sua frente, Emerson Leão fez um desabafo contra o que chamou de "invasão" de profissionais estrangeiros no país.
Campeão do mundo em 1970 pela seleção como jogador e brasileiro como técnico por Sport (1987) e Santos (2002), Leão disse que não gosta de treinadores estrangeiros "no meu país". Em seguida, fez um mea culpa e afirma que os próprios técnicos nacionais são responsáveis por este cenário.
Ao longo de todo o discurso, Leão não se dirige a Ancelotti. Apenas no fim de sua fala é que, sem sequer citar seu nome, ele o deseja boa sorte.
Também chamado a discursar no palco, Oswaldo de Oliveira retomou o tema levantado por Leão. Embora não tenha se preocupado em soar preconceituoso, o técnico campeão brasileiro (1999) e do mundo (2000) com o Corinthians procurou ser mais gentil com Ancelotti e lembrou de um episódio em que dividiu um ônibus com ele, no Japão, em 2007.
Ao encerrar sua fala, contudo, Oswaldo desejou a volta de um brasileiro ao comando da seleção depois da próxima Copa. O detalhe é que, embora o contrato de Ancelotti termine após o Mundial, existe um desejo inicial por renovação do vínculo para o ciclo de 2030.
A CBF e seu presidente Samir Xaud não se manifestaram. Já o diretor de futebol masculino Gustavo Feijó classificou, em suas redes sociais, as declarações de "no mínimo, deselegantes". Ele ainda disse que elas "não refletem o verdadeiro sentimento do povo brasileiro".
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