Vida e Saúde

Canetas emagrecedoras: usos vão além da perda de peso

Além da obesidade, medicamentos são indicados para apneia do sono, diabetes tipo 2 e estão em estudo para outras doenças

Agência O Globo - 16/12/2025
Canetas emagrecedoras: usos vão além da perda de peso
Imagem ilustrativa gerada por inteligência artificial - Foto: Nano Banana (Google Imagen)

A caneta emagrecedora foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em sua versão de 2,4 mg para o tratamento de gordura no fígado (esteatohepatite associada à disfunção metabólica ou MASH, da sigla em inglês) em adultos com fibrose moderada a avançada, sem cirrose hepática.

Além do Wegovy, outras canetas emagrecedoras também já receberam aprovação da Anvisa para doenças além da obesidade.

Diabetes tipo 2

O Ozempic é um medicamento que tem como princípio ativo a semaglutida, uma versão sintética do hormônio GLP-1, também presente no Wegovy. Ele é recomendado para o tratamento do diabetes tipo 2, assim como a caneta injetável Mounjaro, que utiliza a tirzepatida como princípio ativo.

Apneia do sono

Em 2024, o Mounjaro também passou a ser indicado para o tratamento da apneia obstrutiva do sono, distúrbio caracterizado por pausas repetidas na respiração devido ao bloqueio parcial ou total das vias aéreas superiores durante o sono. No entanto, essa indicação se restringe a pessoas com obesidade.

Possível proteção contra outras doenças

Além das aprovações já existentes, as canetas emagrecedoras estão sendo estudadas como possíveis tratamentos para outras doenças.

Um exemplo é o transtorno por uso de álcool (alcoolismo). A semaglutida, substância presente no Ozempic e no Wegovy, foi associada a uma redução de 50% a 56% na incidência e recorrência do transtorno por uso de álcool, segundo estudo publicado na revista científica Nature Communications.

Atualmente, há poucas opções de medicamentos para tratar esse transtorno, e os novos resultados sugerem que os análogos de GLP-1, classe da qual a semaglutida faz parte, podem se tornar uma alternativa terapêutica.

Pesquisadores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) também investigam os possíveis benefícios da tirzepatida, presente no Mounjaro, no tratamento da neuroinflamação, característica de doenças neurodegenerativas como o Alzheimer.

A liraglutida, medicamento da mesma classe do Ozempic, já apresentou bons resultados. Em estudo realizado pelo Imperial College de Londres, a substância reduziu em quase 50% o ritmo de encolhimento das áreas cerebrais responsáveis por memória, aprendizado, linguagem e tomada de decisão em pacientes com Alzheimer em estágio inicial.

Além disso, retardou em 18% o declínio cognitivo dos pacientes tratados ao longo de um ano, em comparação com aqueles que receberam placebo.