Vida e Saúde

Estudo revela: geração Z vê o mundo como um lugar assustador e tem visão pessimista do futuro

Pesquisadores apontam que jovens se consideram mais sensíveis e percebem riscos em todos os aspectos da vida

Agência O Globo - 14/12/2025
Estudo revela: geração Z vê o mundo como um lugar assustador e tem visão pessimista do futuro
- Foto: Depositphotos

Um novo estudo revela que a geração Z — formada por pessoas nascidas entre 1997 e 2012 — enxerga o mundo como um “lugar assustador” e apresenta níveis elevados de ansiedade em relação ao ambiente ao redor. Apesar de frequentemente rotulados como mimados, esses jovens demonstram preocupação acentuada com riscos e desafios cotidianos.

O levantamento foi conduzido pelo professor Gabriel Rubin, cientista da Universidade Estadual de Montclair, em Nova Jersey, que realizou entrevistas aprofundadas com 107 jovens sobre política, risco e protesto. A maioria dos entrevistados concordou com a afirmação: "A Geração Z vê o mundo como um lugar assustador", destacando as redes sociais e a economia como principais fontes de temor.

“Os jovens percebem riscos em todos os lugares para onde olham”, afirma Rubin. Segundo ele, os resultados reforçam o estereótipo de que a geração se ofende e se chateia com facilidade.

O estudo, apresentado na Conferência da Sociedade para Análise de Risco, apontou três conclusões principais sobre a percepção de risco da geração Z. Primeiro, os jovens veem o mundo como um lugar assustador, influenciados por experiências como os confinamentos da Covid-19. Segundo, estão cada vez mais céticos quanto à capacidade de promover mudanças, sentindo que o planeta se torna mais arriscado quando há pouco controle sobre os resultados. Por fim, tendem a ter uma visão negativa do futuro, com muitos relatando estresse ou depressão diante de questões existenciais, como as mudanças climáticas, para as quais não veem soluções fáceis.

O estudo também identificou que essa geração encara os problemas de forma polarizada: ou são fáceis ou extremamente difíceis de lidar, sem considerar que os riscos podem ser avaliados e gerenciados em diferentes níveis.

Rubin destaca que os resultados evidenciam uma “mudança preocupante” na perspectiva da geração Z, já que entrevistas anteriores apresentavam um tom mais positivo. “Agora, a geração se tornou mais negativa, cínica e assustada”, observa o pesquisador.

Entre os principais riscos percebidos pela geração Z estão tiroteios em escolas, discriminação, direitos dos imigrantes, divisão política, segurança, taxas de criminalidade e problemas de saúde mental. O impacto é especialmente forte entre mulheres jovens, quase todas relatando sensação de retrocesso e ameaça aos seus direitos.

“Estou muito surpreso com o crescente cinismo. Quando iniciei esta pesquisa em 2022, as entrevistas eram otimistas, mas, com o tempo, as visões da geração Z mudaram e há uma sensação geral de que promover mudanças é difícil”, relata Rubin.

Em uma mesa-redonda realizada em 2022, especialistas debateram se a geração Z é realmente mais sensível. Alguns sugerem que os jovens lidam com a Sensibilidade de Processamento Sensorial (SPS), processando estímulos e informações de forma mais profunda e intensa do que gerações anteriores, o que pode contribuir para o aumento da ansiedade e da depressão, afetando a qualidade de vida e o bem-estar.

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