Vida e Saúde
Café pode retardar o envelhecimento? Novas pesquisas dizem que sim, mas apenas na quantidade certa
O consumo de até quatro xícaras por dia de café foi associado a um envelhecimento celular mais lento em pacientes com certas doenças mentais
O consumo moderado de café pode contribuir para uma vida mais saudável e longa em pessoas com doenças mentais, segundo estudo do King's College London. A pesquisa sugere que até quatro xícaras por dia têm efeito positivo, desde que não haja exagero.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores analisaram dados de 436 adultos e observaram que a ingestão de até quatro xícaras diárias estava associada a telômeros mais longos — estruturas protetoras dos cromossomos, consideradas marcadores do envelhecimento celular — em pacientes com esquizofrenia, transtorno bipolar e depressão psicótica.
Os resultados, publicados na revista científica BMJ Mental Health, indicam que quem consumia de três a quatro xícaras de café por dia apresentava telômeros compatíveis com uma idade biológica cerca de cinco anos menor em comparação com quem não bebia café. Por outro lado, o consumo acima desse limite eliminava os benefícios e até aumentava sinais de estresse celular.
O estudo reforça recomendações de órgãos de saúde como a FDA, agência reguladora dos EUA, que orienta limitar a ingestão diária de cafeína a 400 miligramas, o equivalente a cerca de quatro xícaras de café.
Pesquisas anteriores com a população em geral mostraram resultados variados, com algumas associando o consumo moderado de café a telômeros mais longos, enquanto outras — especialmente as que analisaram o café instantâneo — não identificaram benefícios significativos.
“Sabemos que o café pode ajudar a retardar o envelhecimento biológico na população em geral, mas pouco se sabe sobre seu efeito em pessoas com doenças mentais graves — uma população cuja expectativa de vida já é reduzida, em parte devido a doenças relacionadas à idade”, explicou Vid Mlakar, doutorando do King's College London e principal autor do estudo.
Os telômeros encurtam naturalmente com o passar dos anos, processo que tende a ser mais rápido em pessoas com doenças mentais graves, como esquizofrenia e transtorno bipolar. Esses pacientes costumam viver cerca de 15 anos a menos do que a média da população, frequentemente devido a doenças relacionadas à idade, como problemas cardíacos e câncer.
Além disso, os telômeros são sensíveis ao estresse oxidativo e à inflamação, fatores que podem ser agravados em pessoas com transtornos mentais graves. Os pesquisadores acreditam que compostos antioxidantes e anti-inflamatórios presentes no café ajudam a proteger as células desse desgaste.
“O café é uma bebida que muitas pessoas consomem diariamente”, afirmou Monica Aas, pesquisadora do King's College London e autora sênior do estudo. “Por um lado, sabemos que o consumo excessivo pode ter efeitos negativos, como prejudicar a qualidade do sono. No entanto, nosso novo estudo sugere que, até certo ponto, o café pode trazer benefícios para o envelhecimento biológico.”
Segundo a pesquisadora, o consumo de café é um hábito que pode ser ajustado, ao contrário de muitas experiências de vida. “Estudos como este reforçam a importância de enxergar o café de forma equilibrada, e não apenas como algo 'bom ou ruim'”, acrescentou Monica Aas.
Os autores destacam que o estudo é observacional, ou seja, não comprova que o café retarda o envelhecimento, mas apenas aponta uma associação. Pesquisas maiores e de longo prazo ainda são necessárias para confirmar esses resultados.
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