Vida e Saúde

Ouvir música na terceira idade pode diminuir risco de demência, aponta estudo

Pesquisa australiana revela que idosos que escutam música regularmente têm até 40% menos chances de desenvolver demência; estímulo cognitivo é apontado como possível explicação.

Agência O Globo - 09/11/2025
Ouvir música na terceira idade pode diminuir risco de demência, aponta estudo
- Foto: Reprodução / Agência Brasil

Ouvir música na terceira idade pode reduzir o risco de demência em quase 40%, segundo um novo estudo publicado no International Journal of Geriatric Psychiatry.

A pesquisa analisou dados de 10.893 australianos com 70 anos ou mais, residentes em comunidades de aposentados e sem diagnóstico prévio de demência. Os participantes responderam sobre seus hábitos de escutar música e se tocavam algum instrumento musical.

De acordo com os resultados, pessoas que "sempre" ouviam música apresentaram 39% menos probabilidade de desenvolver demência após pelo menos três anos de acompanhamento, além de 17% menos risco de apresentar formas leves de comprometimento cognitivo. Esses idosos também tiveram melhor desempenho em testes de cognição geral e memória episódica, fundamental para recordar eventos do cotidiano.

Já aqueles que tocavam instrumentos regularmente apresentaram uma redução de 35% no risco de demência, embora, diferentemente de outros estudos, não tenham demonstrado melhora significativa em outros tipos de comprometimento cognitivo.

Os participantes que tanto ouviam quanto tocavam música tiveram uma redução de 33% no risco de demência e de 22% no risco de outros tipos de comprometimento cognitivo não relacionados. O nível de escolaridade também influenciou os resultados.

"Os benefícios do envolvimento com a música foram mais expressivos em pessoas com maior escolaridade (mais de 16 anos), mas apresentaram resultados inconsistentes no grupo com escolaridade intermediária (12 a 15 anos)", destacam os autores do estudo em comunicado.

Emma Jaffa, pesquisadora de saúde pública e principal autora do artigo, da Universidade Monash, na Austrália, ressalta que os resultados sugerem que "atividades musicais podem ser uma estratégia acessível para manter a saúde cognitiva em adultos mais velhos, embora a causalidade não possa ser estabelecida".

Embora ainda não seja possível afirmar que ouvir música previne a demência, a perda auditiva é um fator de risco conhecido para a doença, e pesquisas indicam que o uso de aparelhos auditivos pode ajudar a reduzir o declínio cognitivo. Por isso, manter suas músicas favoritas em rotação pode ser benéfico.

"Ouvir música ativa uma série de regiões do cérebro", explica Joanne Ryan, epidemiologista neuropsiquiátrica da Universidade Monash e coautora do estudo. "Isso proporciona uma estimulação cognitiva que é benéfica e ajuda a reduzir o risco de demência."