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Festival leva melhor do cinema brasileiro a Milão

'Agenda Brasil' quer aproveitar redescoberta do país na Itália

Redação ANSA 29/10/2025
Festival leva melhor do cinema brasileiro a Milão
- Foto: © ANSA/Divulgação

A cidade de Milão recebe a partir desta quinta-feira (30) a 12ª edição do Festival Agenda Brasil, que reúne na capital econômica da Itália o melhor da produção cinematográfica do país sul-americano, na esteira da redescoberta da sétima arte brasileira em função de sucessos como "Ainda estou aqui".

Em cartaz até 6 de novembro no Anteo Palazzo del Cinema, em pleno centro de Milão, o evento tem na programação nove filmes de ficção e cinco documentários que compõem um panorama do cinema contemporâneo do Brasil e abordam temas universais, embora marcados por uma forte identidade nacional.

Várias exibições também serão acompanhadas por debates com diretores e protagonistas das produções, e ainda estão previstas diversas atividades paralelas, como passeios guiados, workshop de dança e concertos musicais.

"O cinema brasileiro finalmente começa a ter um reconhecimento maior e mais contínuo do público internacional, e essa é nossa missão", disse à ANSA Regina Nadaes Marques, diretora da Associação Vagaluna, que realiza o evento.

Com o lema "Brasil presente!", o festival busca refletir a reinserção da maior nação do Hemisfério Sul no cenário internacional após "anos difíceis", segundo Marques, e apresenta uma filmografia que abrange de norte a sul do país e vários de seus biomas.

"Agreste", de Sérgio Roizenblit, por exemplo, narra uma história de amor proibido em meio à escassez hídrica no Nordeste; já "Enquanto o céu não me espera", de Christiane Garcia, aborda os impactos de inundações impulsionadas pela crise climática em uma família de agricultores na Amazônia.

'Agreste' narra história de amor no Nordeste

Como de hábito, o festival também confere atenção especial à música, incluindo um documentário de Alessandra Dorgan sobre Luiz Melodia e outro de Lucas Weglinski sobre Léa Freire, a "Villa-Lobos contemporânea".

Já a abertura, em 30 de outubro, caberá ao longa "Vitória", de Andrucha Waddington e Breno Silveira e estrelado por Fernanda Montenegro. Dois júris especializados irão eleger os melhores filmes em competição, e o público também poderá votar em seus favoritos.

"O que a gente tem notado é o quanto o cinema brasileiro tem enfrentado cada vez mais temas universais, mas colocados dentro do nosso contexto, e isso é muito atraente para o público", explicou Marques.

Ao longo dos últimos anos, produções de sucesso despertaram novamente o interesse pelo cinema brasileiro na Itália, movimento que ganhou força com "Ainda estou aqui", obra de Walter Salles premiada com o Oscar de melhor filme internacional e com o Globo de Ouro de melhor atriz para Fernanda Torres.

"É um filme muito amado pelos italianos, então ele abriu ainda mais o caminho para esse reconhecimento", afirma a diretora da Vagaluna.

Marques mora na Itália há cerca de 35 anos e, ao lado de outras pessoas, fundou a associação para dar sequência a uma bem-sucedida mostra de cinema organizada pelo extinto Instituto de Cultura Brasileira de Milão, que contou com seis edições e foi o embrião do Agenda Brasil. "O instituto fechou, mas mantivemos a boa relação com a Prefeitura e o Consulado e decidimos transformar a mostra em um festival competitivo", afirmou.

Em sua 12º edição, o evento está consolidado do calendário cultural de Milão e também possui ramificações em outras cidades italianas: em 2025, versões reduzidas do Agenda Brasil serão levadas a Turim (1º e 2 de novembro), pela quinta vez, e Roma (10 e 11 de novembro), onde não marcava presença desde 2019.

"Também queremos voltar a Gênova e já conversamos com Bolonha e Trieste. Toda vez que temos oportunidades, estamos sempre abertos", assegurou Marques. Apenas em Milão, o Agenda Brasil recebe cerca de 2 mil pessoas por edição, um público composto 75% por italianos, mas com presença crescente de brasileiros desejosos de descobrir o próprio cinema.