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Semana de Cinema Negro homenageia a cineasta Viviane Ferreira e traz pela 1º vez a Belo Horizonte o cineasta estadunidense Charles Burnett

Evento começa começa dia 16 de outubro e vai até dia 24 de outubro, com programação totalmente gratuita

Assessoria 16/10/2025
Semana de Cinema Negro homenageia a cineasta Viviane Ferreira e traz pela 1º vez a Belo Horizonte o cineasta estadunidense Charles Burnett
- Foto: Denise dos Santos

Começa esta semana em Belo Horizonte (MG), de 16 a 24 de outubro, a 5ª edição da Semana de Cinema Negro. Este ano a homenagem do festival se direciona para a cineasta, gestora e produtora Viviane Ferreira, durante a tradicional “Sessão Homenagem Maria José Novais Oliveira”, marcada para dia 17 de outubro, a partir das  17:00, no Cine Humberto Mauro (Palácio das Artes). Mais informações sobre retirada de ingressos, acesse aqui.

Viviane Ferreira é Mestra em Políticas de Comunicação e Cultura pela Universidade de Brasília e doutoranda na USP. Ela já presidiu a APAN (Associação de Profissionais do Audiovisual Negro) e a SPCine, além de ser diretora da Odun Filmes e do Instituto Audiovisual Mulheres de Odun (iAMO). Entre seus trabalhos estão Mumbi7Cenas Pós BurkinaUm Dia com Jerusa (disponível na Netflix), Ó paí, ó 2 e o documentário em finalização Afrolatinas – Mulheres negras em movimento.

Com o título “Seguir tendo o direito de experimentar”, a homenagem reconhece a trajetória de Viviane como uma das vozes mais potentes do cinema contemporâneo, cuja obra combina invenção artística, liberdade criativa e compromisso com transformações sociais e raciais. Inspirada nas palavras da própria homenageada — “sigo brigando com o mundo para seguir tendo o direito de experimentar” —, a Sessão Maria José Novais Oliveira: Viviane Ferreira reafirma o cinema como espaço de liberdade, invenção e resistência, onde as mulheres negras constroem pontes entre a poesia, a política e o sonho de um mundo novo.

A sessão reverência o legado e a força das mulheres negras no audiovisual brasileiro e na sexta-feira será composta por dois atos: O primeiro reúne os curtas de ficção dirigidos por Viviane, que exploram a ancestralidade e o encontro entre gerações de mulheres negras. O segundo apresenta “Afrolatinas”, obra que está finalização e que é marcado por um sensível movimento de encontro  e escuta de mulheres do movimento negro, e se dá junto de diferentes gerações de ativistas em suas lutas, saberes e fazeres. Como espectadoras, somos convocadas a participar e partilhar a roda de escuta dessas militantes, que com suas vozes fazem ecoar uma luta contínua, um legado que atravessa o tempo.Poderemos assistir a um corte do filme antes do seu lançamento.

Cotidiano Revolucionário: o Cinema de Charles Burnett

Aclamado pela crítica e vencedor do Oscar Honorário, Charles Burnett é um dos cineastas mais importantes do cinema afro-americano. Nascido no Mississippi e formado pela UCLA, ele é um dos nomes mais importantes do chamado “terceiro cinema”, que  ficou marcado esteticamente, entre outros fatores, pela representação do cotidiano de pessoas negros no cinema - ou como pontua curadora Janaína da Semana de Cinema Negro, “um cinema onde as pessoas negras apracem pela primeira vez  simplesmente sendo”.

Charles estreou em  1977 como longa “O Matador de Ovelhas”, considerado um “tesouro nacional” nos Estados Unidos e premiado em Berlim e Sundance.  Seguiu com “O casamento de meu irmão” (1983) e o celebrado “A aniquilação de Fish” (1990), estrelado por Danny Glover e vencedor de três Independent Spirit Awards. 

Burnett também trabalhou em produções como “Selma, Lord, Selma, The Blues” (PBS) e “Namibia: The Struggle for Liberation”. Recebeu homenagens do MoMA, do Louvre e prêmios como o Horton Foote e o Paul Robeson. Em 2017, recebeu o Oscar Honorário, entregue por Ava DuVernay. Com obras restauradas pela Criterion e Milestone Films, Burnett segue ativo, desenvolvendo filmes e palestrando sobre a força humana e política de seu cinema.

Na Semana  do Cinema Negro, haverá a exibição de três dos seus filmes, os clássicos “O Matador de Ovelhas” (1977), “O casamento de meu irmão” (1983) e “A aniquilação de Fish" (1990), comédia romântica em geral pouco vista pelo público, estrelada por James Earl Jones, todos os filmes em suas versões restauradas.

Todos os filmes serão exibidos em restaurações recentes, de acordo com o calendário a seguir: “O Matador de Ovelhas” (1977) - dia 18 de outubro às 17h “O casamento de meu irmão” (1983) - dia 19 de outubro às 19h30 e a “A aniquilação de Fish"  (1990) - dia 20 de outubro, 17h, todas as exibições aconteceram no Cine Humberto Mauro/ Palácio das Artes.

A distribuição de ingressos será feita 50% online, pelo site da Eventim (a partir de 12h, para todas as sessões do dia), e 50% presencial, na bilheteria do cinema (30 minutos antes de cada sessão), mediante apresentação de documento com foto. A cada sessão, será disponibilizado apenas um ingresso por pessoa, em ambas as modalidades.

A vinda do cienasta Charles Burnett foi possivel graças ao apoio do FICINE (Forúm Itirenante do Cinema Negro), gerenciado por Janaína Oliveira, Janaína Damasceno, Kênia Freitas e Tatiana Carvalho Costa. O FICINE tem por objetivo a construção de uma rede internacional de discussões, projetos e trocas que tenham como ponto de partida e ênfase a reflexão sobre os Cinemas Negros na diáspora e no continente africano.

Além dos filmes, o programa conta com um momento de conversa com Burnett, oportunidade na qual ele poderá dialogar sobre seus filmes e trajetória,com mediação de Janaína Oliveira, curadora da sessão internacional. Este encontro acontecerá no dia 18 de outubro às 19h.

Sessão Especial Vampiros à Luz Do Meio-Dia - O Cinema De Luiz Lourenço

Luiz Lourenço é um dos primeiros cineastas negros de Pernambuco e o realizador de um dos

primeiros filmes feitos no agreste do estado. Sua trajetória é marcada, portanto, pela invenção e por uma profunda ligação com pelo elo profundo que perpassa a formação da cultura popular de Caruaru, sua cidade natal. Apesar de anos trabalhando com audiovisual e contribuindo com suas produções e trabalho na TV Pública o cineasta ainda alcançou o reconhecimento que lhe deveria ter sido assegurado na história do cinema brasileiro

Em sua pesquisa sobre o cineasta, Felipe Karnakis escreve: “Resgatar imagens é, também, disputar memória”. A Semana de Cinema Negro assume esse compromisso, ao contribuir para a reconstrução de uma história do cinema brasileiro historicamente invisibilizada. Será publicado no catálogo do festival uma parte da pesquisa de Felipe Karnakis.

O festival irá exibir duas obras que foram recentemente restauradas “A Peleja do Bumba Meu Boi Contra o Vampiro do Meio-Dia” (1986) e  “O Olho na Rua, Ouvido na Cozinha”(1979) em um projeto que teve a colaboração de Felipe Karnakis, Silas Alexandre, Acervo do Vídeo Popular em Pernambuco, Cinemateca Pernambucana Jota Soares e Cinema da Fundação.

A sessão será no dia 23 de outubro às 17h, no Cine Santa Tereza. Teremos a oportunidade de conversar com Luiz Lourenço e Felipe Karnakis, com a mediação da curadora e distribuidora pernambucana Rayanne Layssa.

Programação completa

Como fazer do mar a casa? Guiada por esta pergunta a 5ª edição da Semana de Cinema Negro anúncia o calendário de sua programação entre os dias 16 a 24 de outubro, nos seguintes cinemas de Belo Horizonte (MG):

  • 16 a 22 de outubro no Cine Humberto Mauro/Palácio das Artes, (Av. Afonso Pena, 1537 - Centro, Belo Horizonte)
  • 18, 19 e 22 a 24 de outubro no Cine Santa Tereza  (R. Estrela do Sul, 89 - Santa Tereza) 

Com entrada totalmente gratuita, o festival oferece exibições de filmes nacionais e internacionais por meio de mostras temáticas: Seleção Cine-Escrituras Pretas, Experiência Vivida do Negro, Franz Fanon 100 anos, Do Rio ao Mar: Palestina Livre, Tributo ao Cinema Luz de Souleymane Cissé, Sessão Homenagem Maria José Novais Oliveira Cotidiano Revolucionário: o Cinema de Charles Burnett e Vampiros à Luz Do Meio-Dia - O Cinema De Luiz Lourenço. Além de debates e atividades formativas abertas para todo o público, valorizando em sua curadoria obras cinematográficas de realizadores negros, brasileiros, africanos e da diàspora. 

Para a diretora artística Layla Braz, a Semana de Cinema Negro alcança este ano, em sua quinta edição, um marco importante em sua trajetória até aqui. “Os desafios têm sido muitos, o festival cresce mais rápido do que os meios de incentivo conseguem acompanhar. É nesse movimento de expansão que as águas se fazem ainda mais presentes nesta edição”, ela completa. “Desde o início do mundo, elas testemunham, transformam, acolhem e se adaptam, como os mares e rios que se encontram. E a Semana também se fortalece nas conexões criadas desde a sua primeira edição”.

Acesse a programação completa em: PROGRAMAÇÃO COMPLETA 5º SEMANA DE CINEMA NEGRO.pdf

Sobre a Semana de Cinema Negro

A 5ª edição da Semana de Cinema Negro de Belo Horizonte é produzida pela Quiabo Produções Culturais, com patrocínio do Banco BS2, realização da Lei de Incentivo à Cultura de Belo Horizonte, projeto n° 2238/2023, e da Política Nacional Aldir Blanc na Secretaria de Cultura e Turismo de Minas Gerais - SECULT/MG, Nº de inscrição 15780. 

O evento recebe o apoio do Projeto Paradiso, que investe em formação profissional e geração de conhecimento no setor audiovisual, com programas de bolsas e mentorias, além de cursos, seminários e estudos. A iniciativa, focada na internacionalização, atua por meio de parcerias com instituições de referência no Brasil e no mundo, criando oportunidades para profissionais em diferentes fases da carreira. O Projeto Paradiso é uma iniciativa do Instituto Olga Rabinovich, dedicada ao apoio a talentos e projetos do audiovisual nacional.

Por meio da parceria com o Paradiso Multiplica, programa de difusão de conhecimento do Projeto Paradiso, um participante das atividades formativas da 5º Semana de Cinema Negro receberá uma mentoria de roteiro com Victoria Negreiros, integrante da Rede Paradiso de Talentos. 

Contamos com o apoio do Instituto Cervantes, desde o início de suas atividades o instituto Belo Horizonte desenvolveu um rico programa de atividades culturais e estabeleceu acordos de cooperação com algumas das instituições mais prestigiosas de Minas Gerais. O instituto recebe o curso Introdução à Preservação Digital: Conceitos e Práticas, ministrado por Débora Butruce.

O festival  também conta com apoio do FICINE - Fórum Itinerante do Cinema Negro. Fundação Clóvis Salgado/ Palácio das Artes, Cine Humberto Mauro, Cine Santa Tereza e Royal Hotéis.