Variedades
'Aprender a Sonhar' | Manifesto afro-indígena chega aos cinemas nesta quinta (2/10)
Documentário baiano revela o impacto transformador das políticas de cotas nas trajetórias de jovens negros e indígenas e nas universidades brasileiras
"Aprender a Sonhar" (2025), novo filme do cineasta baiano Vítor Rocha, revela a difícil e transformadora trajetória de jovens de diferentes comunidades e territórios periféricos para ingressar e se formar no Ensino Superior.
O longa-metragem estreia nesta quinta, dia 2 de outubro, em cinemas de todo o Brasil. Filmado entre 2016 e 2022, poucos anos após a instituição da Lei de Cotas (12.711/2012), "Aprender a Sonhar" acompanha a luta dos personagens pelo ingresso na Universidade e escancara as mazelas do racismo, mas também as conquistas, que os estudantes vivenciam para exercer o direito reparatório de acesso à Educação.
"Aprender a Sonhar" ganha pré-estreia comentada e gratuita no dia 1º de outubro, quarta, às 19h, em São Paulo (SP), no Teatro da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) (Av. Dr. Arnaldo, 455 - Pacaembu). A projeção será seguida de debate com o diretor Vítor Rocha e as personagens do filme Tamiwere Pataxó, bacharel em Direito, e Nadjane Cristina, assistente social e militante do movimento por moradia.
O filme estreia em mais de 30 salas em Aracaju (SE), Belo Horizonte (MG), Boa Vista (RR), Cuiabá (MT), Dourados (MS), Manaus (AM), Paraná (Londrina, Maringá, Ponta Grossa), Porto Velho (RO), Rio de Janeiro (Cabo Frio, Campos dos Goytacazes, Duque de Caxias, Guadalupe e Volta Redonda), Rio Branco (AC), Serra (ES) e Salvador (BA), São Paulo (Araçatuba, Bauru, Botucatu, Campinas, Campo Limpo, Itu, Mauá, Piracicaba, São Carlos, São José do Rio Preto e Sorocaba). As praças de exibição poderão ser conferidas no Instagram @abarafilmes.
Longe de se encerrar em relatos individuais, o filme, ao passo que intercala a aparição das histórias de cada estudante, ganha um ritmo revelador da conexão entre todos eles: os protagonistas são portadores de saberes ancestrais que durante séculos foram impedidos de participar dos centros oficiais de produção e disseminação de conhecimento.
O documentário mostra como a quilombola Marina Barbosa conseguiu se formar em medicina na UFBA, assim como a trajetória de conquista da casa própria e do diploma da ex-moradora de ocupação, Nadjane Cristina. Também conta como se deu a transformação de Ana Paula Rosário, que cumpriu medidas socioeducativas e hoje é pesquisadora de sociologia, além das vivências de Taquari e Tamiwere Pataxó, que se formam em Direito sem ter que abrir mão de seus territórios, culturas e tradições.
A narrativa acompanha o cotidiano e os momentos marcantes dos personagens na busca pela sobrevivência e pelo direito de ocupar espaços convencionais da formação superior sem terem que abrir mão de seus territórios, culturas e tradições. Diferente da série televisiva homônima, "Aprender a Sonhar", também realizada por Vítor Rocha, o capítulo para a tela grande traz diferentes personagens e situações para as salas de exibição.
Para seu diretor, o filme é mais do que um registro cinematográfico, é um manifesto afro-indígena: uma vocalização dos corpos políticos que foram sistematicamente silenciados na fundação e perpetuação do Estado brasileiro.
"A política de cotas permitiu que 50% dos estudantes das universidades sejam, atualmente, negros e, também, indígenas, e fez com que nossas cosmovisões passassem a disputar o conhecimento acadêmico, contribuindo com o desenvolvimento dos saberes institucionais", explica o diretor e roteirista Vítor Rocha. "Conclamamos professoras e professores, estudantes, sindicatos, associações, centros acadêmicos, grupos de pesquisa e instituições contracoloniais e antirracistas e público geral a se aquilombarem nas sessões do filme para conseguirmos ocupar as salas de cinema e mostrarmos que a produção independente e afrocentrada tem sua força", convida o realizador.
Distribuição baiana
A distribuição é feita pela Abará Filmes e a produção pela Caranguejeira Filmes – produtoras baianas lideradas por Vítor Rocha. "Aprender a Sonhar" é o quarto de cinco longas distribuídos pela Abará Filmes, incluindo "1798 Revolta dos Búzios", de Antonio Olavo, "Revoada", de José Umberto Dias, "Brazyl, uma Ópera Tragicrônica", de José Walter Lima, e "Minha Cuba, Minha Máxima Cuba", de Júlio Góes. A distribuição é financiada pela Lei Paulo Gustavo Bahia, da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia e do Ministério da Cultura (MinC), e a produção tem financiamento do MinC e da Ancine/BRDE/FSA, Governo Federal.
A Abará também distribui duas temporadas da série de mesmo nome, exibidas nas TVs Públicas do Brasil, entre elas TV Brasil, TV Cultura, TVE-BA, além de canais fechados e plataformas de streaming.
Ficha Técnica
Brasil | Ano 2025 | Longa-Metragem | Documentário | 79’ | Português, Patxohã
Direção e Roteiro: Vítor Rocha
Elenco: Taquary, Tamiwere e Povo Pataxó da Reserva da Jaqueira | Marina Barbosa e Quilombo Quenta Sol | Nadjane Cristina e Ocupação Quilombo Paraíso | Ana Paula e família Rosário
Distribuição: Abará Filmes
Produção: Caranguejeira Filmes
Serviço
"Aprender a Sonhar", de Vítor Rocha chega aos cinemas
Estreia comercial: 2 de outubro de 2025
Instagram: @abarafilmes
Pré-estreia em São Paulo (SP): 1º de outubro, quarta, às 19h, no Teatro da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) (Av. Dr. Arnaldo, 455 - Pacaembu) - Entrada franca
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